S. Francisco: CE, RN, PB pedem a Bolsonaro ramais do Apodi e Salgado

Líderes da indústria e da agricultura dos três estados entregam ao presidente da República ofício em que expõem as razões dos dois ramais, importantes para o abastecimento das cidades e para a irrigação no semiárido.

Exclusivo! Uniram-se as federações das Indústrias e da Agricultura do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, cujos presidentes subscreveram ofício encaminhado, e entregue nesta terça-feira, 28, ao presidente Jair Bolsonaro, reivindicando a construção de dois ramais – o do Apodi e o do Salgado – que se integram ao Projeto São Francisco de Integração de Bacias e que já têm aprovação do Ministério do Desenvolvimento Regional (que substituiu o a Integração Nacional) e da Agência Nacional de Águas (ANA).

O documento detalha os benefícios que os dois ramais levarão para os sertões cearense, potiguar e paraibano. E informa que o Ministério do Desenvolvimento Regional, quando se chamava da Integração Nacional, aprovou a viabilidade técnica, econômica, financeira e ambiental do ramal do Apodi, que atenderá o abastecimento de água e os projetos de irrigação no Leste do Ceará e no Oeste do Rio Grande do Norte.

O ofício encaminhado pela Fiec e Faec, do Ceará; Fiern e Faern, do Rio Grande do Norte; e Fiep e Faepa, da Paraíba, é o seguinte, na íntegra:
 
“Nós que fazemos as Federações das Indústrias e as Federações de Agricultura dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, acompanhamos com grande satisfação a chegada das águas do Rio São Francisco ao Estado do Ceará, através do Eixo Norte do Projeto de Integração.
 
“Entretanto gostaríamos de enfatizar à Vossa Excelência que, para alcançar os objetivos e benefícios preconizados no referido projeto, se faz necessário o complemento de todas as obras, principalmente a construção dos ramais do Apodi e do Salgado. 

“O Ramal do Apodi, na condição de trecho integrante do Eixo Norte do PISF foi estudado a nível de Viabilidade Técnica, Econômica Financeira e Ambiental, sendo aprovado pelo então Ministério da Integração Nacional; pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos e pela Agência Nacional de Águas, tendo constado da Outorga de Uso de Água concedida por esta instituição reguladora.
 
“A seguir, explicitamos os benefícios que esses empreendimentos irão gerar, ao dar maior capilaridade às águas do São Francisco no território da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. 

“No que se refere ao Ceará, as águas do São Francisco para alcançarem hoje a barragem do Castanhão saem do reservatório de Jati, via Cinturão das Águas do Ceará – CAC, percorrem 53 km deste canal, até alcançarem o riacho Seco e posteriormente o rio Salgado e o rio Jaguaribe, num percurso em leito natural de mais de 300 km até o seu destino (açude Castanhão), ensejando muitas perdas no decorrer do seu fluxo.
 
“Essa longa distância ensejará perda de água em tão grande volume que tornará seu custo inviável para o setor produtivo. 
“Com a construção do ramal do Apodi e do ramal do Salgado a partir do km 27 daquele, se evita o transporte da água em leito natural de rio por aproximadamente 140 km, obtendo uma melhor eficiência para o encaminhamento da água do PISF ao açude Castanhão e, consequentemente, ao maior centro urbano a ser abastecido pelo Projeto São Francisco que é a Região Metropolitana de Fortaleza. 

“A construção dessas obras aproxima a água do PISF de cidades importantes do Ceará, como Lavras da Mangabeira, Cedro, Aurora e Icó, podendo, a partir do ramal do Salgado, abastecer melhor o centro sul do estado por intermédio de sistemas adutores integrados. 

“A implantação desses ramais irá propiciar uma maior garantia ao abastecimento de cidades polos do interior do estado e da Região Metropolitana de Fortaleza, porque dará maior eficiência e eficácia ao transporte da água dentro do território cearense, aumentando a garantia do abastecimento de mais de 4 milhões de pessoas. 

“Para a Paraíba, com o desenvolvimento dos primeiros quilômetros do ramal do Apodi no território estadual, a água do São Francisco ficará mais próxima de um polo regional do oeste do estado que é a cidade de Cajazeiras. 

“Ao todo nove cidades do oeste paraibano serão abastecidas diretamente por esse trecho, beneficiando mais de 200 mil pessoas. 

“Ainda na Paraíba, o ramal do Apodi irá incrementar o suprimento hídrico dos projetos de irrigação Lagoa do Arroz (400ha) e Várzea da Ema (300ha), já implantados, e de áreas ribeirinhas ao longo do rio Cacaré. 

“Alcançando o território do Rio Grande do Norte no município de Major Sales, o referido canal irá perenizar o rio Apodi, que banha Mossoró, a segunda cidade do estado e um importante polo regional do Nordeste. 

“Com o ramal do Apodi será incrementada a segurança hídrica dessa cidade e de outros 42 municípios pertencentes ao alto oeste potiguar, como Pau dos Ferros, Apodi e São Miguel, atendendo 550 mil habitantes. 

“Com a chegada das águas no Rio Apodi, o projeto São Francisco será interligado com dois importantes reservatórios daquela região: o açude Pau dos Ferros com capacidade de 55 milhões de m3 e o açude Santa Cruz com 600 milhões de m3, sendo este o segundo maior do estado.
 
“Convém salientar que ocorre nessas barragens a captação de água do sistema adutor Alto Oeste, abastecendo várias cidades do extremo oeste do Rio Grande do Norte. Deste modo, toda a população dessa região terá a sua segurança hídrica aumentada. 
“A construção do ramal do Apodi permitirá, ainda, o aumento da garantia hídrica da irrigação já desenvolvida, com alta tecnologia e grande rentabilidade, na fronteira do Ceará com o Rio Grande do Norte, na chapada do Apodi. 

“Ensejará a possibilidade de, no futuro, se fazer uma interligação do PISF com esta área, onde já existe um importante projeto público de irrigação (Jaguaribe–Apodi) com 7.897 ha, como também com uma relevante superfície irrigada pela iniciativa privada nos municípios de Apodi, Dix Sept Rosado, Upanema, Felipe Guerra, Baraúnas e Mossoró, no Rio Grande do Norte e nos municípios de Limoeiro do Norte, Tabuleiro do Norte, Quixeré, Jaguaruana, Ibicuitinga, Aracati e Icapuí, no Ceará.
 
“Essa área hoje dedica-se à produção de melões e melancias, voltados para exportações, cuja qualidade e sabor já conquistaram toda Europa, tendo um enorme potencial de exportação para a Ásia. Estima-se que a área irrigada nesses municípios, nos estados do Ceará e no Rio Grande do Norte, é de cerca de 10.000 ha, podendo atingir 30.000 ha nos dois estados caso essas áreas sejam interligadas com o Projeto São Francisco, através do ramal do Apodi.

“Face ao exposto, solicitamos a Vossa intervenção, para realizar a alocação de recursos e em seguida realizar os procedimentos licitatórios para a construção de tão importantes empreendimentos para o Ceará, o Rio Grande do Norte e a Paraíba. Certos da Vossa atenção, subscrevemos: Ricardo Montegro (Fiec); Amaro Sales Araújo (Fiern); Francisco Gadelha (Fiep); Flávio Sabóya (Faec); José Álvares Vieira (Faern); e Mário Antonio Pereira Borba (Faepa).”



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