Pandemia: Líder lojista diz que reabertura da economia discrimina o comércio

Freitas Cordeiro, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará, diz que o protocolo do governo do Estado tem boa estrutura técnica, mas deveria, em relação ao comércio, ter copiado o do governo de São Paulo.

Esta coluna considera sensata a decisão do governador Camilo Santana de impor, antes da reabertura definitiva das atividades econômicas, um período de transição – que durará uma semana, a partir de segunda-feira, dia 1º de junho.

Durante esse período – e aqui está a racionalidade da medida – será possível averiguar os acertos e os erros que poderão levar à reabertura, por exemplo, de lojas de rua e de shopping, e isto tem a ver com os relatórios que a Secretaria de Saúde divulgará sobre o avanço ou a regressão da pandemia do coronavírus na geografia do Ceará.
 
Mas, para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro, que integra o Grupo de Trabalho (GT) do Governo do Estado que elaborou o protocolo e o calendário de reabertura dos diferentes setores da atividade econômica, “a decisão foi errada”, pois discriminou o comércio lojista.

“A FCDLCE foi obrigada a discordar da elaboração do manual do GT, no que pese a sua bem estruturada base técnica. Desde o primeiro momento, a FCDLCE apresentou protocolo que contempla todo o setor do comércio a partir da primeira fase, apenas com a diferenciação das restrições que iriam se moderando a cada fase, desde que os relatórios de saúde assim o autorizassem. Mas prosperou a proposta governamental, que, como se vê, privilegia na primeira fase alguns segmentos e relega outros para as demais fases” – explica à coluna Freitas Cordeiro.

Ele é incisivo no seu ponto de vista e considera que “a FCDLCE não admite a discriminação na seleção das empresas na colocação das fases” e acentua que “deve prevalecer o princípio da isonomia, presente no regime democrático”.

Entende o presidente da FCDL que, “com a solução adotada pelo Governo do Estado, alguns segmentos estarão beneficiados, mas outros irão continuar paralisados por mais 45 dias”.

Na sua opinião, o governo do Ceará deveria copiar o protocolo do governo de São Paulo, “que adota, justamente, a solução que nós defendemos”.
 
Freitas Cordeiro diz que a fórmula adotada pelo governo estadual cearense, “além de complexa, é burocrática e sem qualquer justificativa”.
 
Numa mensagem direta aos associados de sua entidade, que reúne mais de 40 mil estabelecimentos em todos os municípios cearenses, Freitas Cordeiro afirma: “As empresas que tiveram seus direitos postergados saibam que a fórmula adotada não teve o apoio da FCDLCE”.