Há uma pandemia, mas há também a seca voltando ao Ceará

Presidente do Sindlacticínios, José Antunes, sugere um plano de emergência. E mais: 1) Empresários e Sefaz negociam boa saída para o Condecon; 2) Sedet faz Rodada Internacional de Negócios; 3) Ipece cria novo método para agropecuária

Uma avdertência!

“Só se fala em pandemia, ninguém ainda voltou a atenção para o que poderá acontecer no semiárido cearense como consequência do inverno muito fraco deste ano. A pluviometria deste 2021 foi tão baixa, que será necessário, agora, correr atrás de um plano de emergência para minimizar, no campo, os efeitos do que está aí, e o que está aí é uma seca. Ela pode ser verde, mas é uma seca”. 

Assinado, José Antunes Mota, presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios (Sindlacticínios), ele mesmo dono de uma indústria que, no sertão, produz queijos e outros produtos derivados do leite bovino e caprino. 

Sempre alegre e otimista, Antunes está hoje contido pelo que se mostra à sua frente e à frente de seus colegas empresários do setor, também preocupados com o mesmo drama.

“Já faltam alguns insumos”, adverte ele. 

Mas o que motiva José Antunes a fazer esta advertência é o mesmo impulso que, neste momento, mobiliza os agropecuaristas do Ceará: o fim da temporada chuvosa com a confirmação da previsão da Funceme, anunciada no dia 20 de janeiro e confirmada agora, com chuvas abaixo da média histórica.

Os grandes e os médios açudes não foram recarregados. 

Exemplo: o Orós está com 23% de sua capacidade de 1,2 bilhão de metros cúbicos de água; o Castanhão estava ontem com 11,6%, o que significa um volume de 782 milhões de metros cúbicos. 

Ambos represam água suficiente para garantir o abastecimento de Fortaleza e de sua Região Metropolitana (RMF) até fevereiro-março de 2022, incluindo as atividades econômicas, e esta é uma boa notícia. 

Mas, como adverte o presidente do Sindilacticínios, o que acontecerá daqui em diante com quem reside, trabalha e produz nas demais regiões do Estado, como a dos Inhamuns e a do Sertão Central, onde a chuva foi pouca, muito pouca, quase nada?

Para a RMF e para o Baixo Jaguaribe, chegou a divina salvação: o Projeto São Francisco de Integração de Bacias, cujas águas chegaram ao Castanhão, mas ainda em vazão raquítica diante do que o mesmo rio está despejando no mar em sua foz, entre os estados de Sergipe e Alagoas: 1,3 mil metros cúbicos por segundo.

A vazão do Rio São Francisco que chega ao Castanhão é de apenas 11 metros cúbicos por segundo, ou seja, 1% do que, na foz, é jogado no oceano. 

O plano de emergência sugerido por José Antunes Mota pode – e deve ser, por que não? – o imediato aumento da vazão dos canais Norte e Leste do Projeto S. Francisco: em vez de 26 metros cúbicos por segundo, 55 metros cúbicos por segundo.

É uma decisão política que só uma mobilização, também política, poderá alcançar.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, é nordestino do Rio Grande do Norte. Ele é diretamente interessado nessa solução.

NO CODECON, UMA SUPREENDENTE QUEDA DE BRAÇO

Movimentam-se a Federação da Agricultura (Faec), a Federação das Indústrias (Fiec), a Federação do Comércio (Fecomércio), a Facic e outras entidades empresariais, no sentido de que seja o seu representante o próximo presidente do Conselho de Defesa do Contribuinte (Condecon). 

Quem há dois anos o preside é a secretária da Fazenda, Fernanda Pacobahyba, cujo mandato terminou.

Os técnicos da Sefaz querem que ela permaneça por mais dois anos à frente do Conselho, mas a Lei que o criou não só o proíbe, como manda que haja alternância na sua direção. 

Técnicos da Secretaria da Fazenda tentaram, sem êxito, prorrogar o mandato da atual presidente na reunião da última segunda-feira, 5, mas a votação terminou empatada em 9 x 9 (o Condecon tem 18 integrantes).

Os representantes das entidades empresariais, seguindo o que diz a Lei, indicaram o nome do vice-presidente da Facic, José Damasceno, que é também o atual vice-presidente do Condecon, para suceder a titular da Sefaz. 

O empate inesperado e surpreendente abriu um impasse, que será resolvido ao longo dos próximos dias.

VEM AÍ UMA RODADA INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS

De 13 a 15 deste mês, a Secretaria de Desenvolvimento e Trabalho do Governo do Ceará (SEDET) promoverá uma Rodada Internacional de Negócios que se realizará por meio digital.

O evento contará com a parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), UK Prosperity Fund, Governo Britânico, Apex Brasil, Fiec, Sebrae e Unifor.

Durante os dois dias da rodada, empresários cearenses poderão vender e comprar produtos têxteis, confecções e calçados, estabelecer parcerias e alianças estratégicas com companhias do Reino Unido e ainda participarem de um workshop preparatório.

HOJE, A ANAC LEILOA 22 AEROPORTOS

Hoje, quarta-feira, 7, na Bolsa B3, em São Paulo, será realizado o leilão de concessão – pelo prazo de 30 anos – de 22 aeroportos para a iniciativa privada.

Eles se localizam em diferentes regiões do País.

No Nordeste, estão incluídos os de Teresina, São Luís e Petrolina.

O leilão será feito pelo modo virtual – por vídeo conferência.

Há expectativa sobre se haverá disputa acirrada no leilão.

A oposição e seus porta-vozes torcem pelo fracasso do leilão. Qualquer que seja o seu resultado, ele será divulgado com títulos e tons negativos. 

É a luta pelo poder, e nesse jogo só vale canelada.

IPECE COM NOVO MÉTODO PARA O AGRO

Anuncia o Ipece que utilizará, a partir deste ano, uma nova metodologia para apurar os índices de crescimento da agropecuária do Estado, que, em 2020, registrou um incremento extraordinário.

A metodologia envolverá as atividades da agropecuária empresarial e familiar. 

É o Ipece seguindo os líderes.

NA EUROPA, BOLSAS SOBEM E O DÓLAR, TAMBÉM

Dólar e bolsas europeias em alta nesta quarta-feira, 7. Sobem as ações de bancos, descem as das empresas de tecnologia.

Descem os juros da dívida dos países da Europa, vários dos quais com índices negativos (o investidor paga para ancorar seu dinheiro nos títulos da Alemanha, por exemplo).

Há uma leve alta do preço do petróleo. O Brent, negociado em Londres, segue girando em torno de US$ 63 por barril.

EMPRESÁRIOS JANTAM COM BOLSONARIO, GUEDES E FREITAS

Hoje, o presidente Bolsonaro, cujo governo está há mais de um ano sob intenso fogo da oposição e da mídia, jantará com grandes empresários. Será em São Paulo.

O encontro é para que Bolsonaro e seus ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, apresentem o quadro real da economia brasileira.

O empresariado está preocupado com a possibilidade de o Brasil caminhar para a eleição presidencial de 2022 com apenas dois candidatos com chance de vitória – o da oposição, que tem tudo para ser o agora absolvido ex-presidente Lula, representando a extrema esquerda, e o próprio Bolsonaro, líder da extrema direita.

Os agentes econômicos entendem que essa polarização não é a melhor saída para as crises nacionais nas áreas da saúde, economia, financeira, social, moral e ética.

Bolsonaro, Guedes e Freitas tentarão convencer os empresários de que, se eles ajudarem a, pelo menos, reduzir a cerrada campanha de descrédito do governo, o cenário ficará azul.

Para isso, será preciso que os empresários pressionem o Congresso Nacional no sentido  de que aprove, no menor prazo de tempo possível, as reformas tributária e administrativa.

Há um só e claríssimo problema: a aprovação dessas reformas, se acontecer neste  ano, abrirá a chance de o governo reajustar as contas públicas, devolver a confiança ao investidor, acelerar grandes obras públicas e recolocar a economia do país na curva do crescimento, reduzindo o desemprego.

Mas isso catapultará a popularidade de Bolsonaro, que está em baixa. Assim, tudo o que for feito, dentro e fora do Parlamento para impedir a votação das reformas será feito pela oposição e seus aliados.

Como, por enquanto, ainda não surgiu o nome da chamada terceira via (Dória? Eduardo Leite? Amoedo?, que são do centro ou centro direita),  segue a polarização direita x esquerda.

No campo da esquerda, há nomes fortes, também, como Boulos, do Psol, e Ciro Gomes, do PDT, que lhe poderiam dar um sangue novo, mas os petistas nem querem ouvir falar disso, uma vez que seu exclusivo objetivo é fazer de Lula o único candidato esquerdista, principalmente agora, quando uma pesquisa XP/Ipespe revelou que o ex-presidente ganharia de Bolsonaro, se a eleição fosse hoje.

Mas a eleição será só daqui a mais de um ano e meio, e até lá muita água passará sob a ponte.

 

 

 

 

 

 



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