Governo do Ceará anunciará nova usina de hidrogênio no Pecém

Secretário Maia Júnior acerta com o governador Camilo Santana a data para o anúncio oficial. E mais: 1) Falta a água do entendimento no incêndio da crise; 2) Vem aí a CPI do Fim do Mundo; 3) Pouca chuva frustra safra de algodão no Apodi

No intervalo do primeiro para o segundo tempo do jogo que, nos pênaltis, decidiu ontem a Supercopa do Brasil em favor do Flamengo, o secretário do Desenvolvimento Econômico do Ceará (Sedet), engenheiro Maia Júnior, vibrando com esse resultado, transmitiu a seguinte informação a esta coluna:
 
O governo do Estado mantém conversas com 10 grupos internacionais, “prospectando novos projetos de plantas de hidrogênio verde”. 

Em seguida, ele acrescentou uma novidade: 

“É possível que sejam finalizados, nos próximos 15 dias, os entendimentos para a implantação, no Complexo do Pecém, de uma segunda planta de hidrogênio de um grande investidor e parceiro” (a primeira planta será construída, também no Pecém, pela australiana Energix Energy, com a qual o governo cearense celebrou um protocolo de intenções, que prevê investimento de US$ 5,4 bilhões). 

Com voz firme e respirando normalmente, o que prova que da Covid-19, que o hospitalizou durante 12 dias, já está totalmente recuperado, o secretário Maia Júnior explicou:
 
“Por uma questão de confidencialidade que cerca as tratativas, ainda não posso revelar qual será o investidor que assinará o protocolo para a segunda planta de hidrogênio verde. Estamos, apenas, aguardando uma data na agenda do governador Camilo Santana, que fará o anúncio. Será um ‘hub’ novo (de hidrogênio) muito importante, que ajudará muito o Ceará. Os entendimentos já estão concluídos.”

Maia Júnior disse que a principal empresa que “instrumentalizará isso aqui no Ceará já está com protocolo definido conosco, apenas eu preciso acertar com o governador a data para o anúncio oficial ao povo cearense”.
 
O secretário também informou que um grande grupo empresarial, que já investe aqui em parques de geração de energia eólica e solar, “está em entendimento conosco sobre negócios de hidrogênio e sobre a implantação de uma usina eólica ‘offshore’ (dentro do mar) com potência instalada de 1,2 GW” (será a segunda, pois a primeira, que aguarda o licenciamento ambiental, se implantará no litoral de Caucaia).
 
E, para encerrar, o titular da Sedet informou que terá, ainda neste mês, uma reunião com diretores da Vestas, maior fabricante mundial de turbinas de energia eólica com unidade industrial em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza.
 
A reunião será para tratar do interesse de empresas nacionais e estrangeiras que fornecem insumos e equipamentos à Vestas, as quais pretendem instalar-se nas proximidades de sua maior cliente.
 
Para esse tipo de planta industrial, o Governo do Ceará tem um menu de incentivos fiscais.

FALTA A ÁGUA DO ENTENDIMENTO NO INCÊNDIO DA CRISE

Esta semana será de fortes emoções na política (a economia, com pouca emoção, segue produzindo pouco, com exceção da agropecuária que se mantém como âncora da atividade e da balança comercial).
 
Nesta segunda-feira, ou amanhã, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, promete cumprir a determinação monocrática do ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, fazendo a leitura do requerimento que pede a instalação de uma CPI para apurar possível omissão do governo federal no combate à pandemia da Covid-19.
 
Simultaneamente, o senador Fernando Bezerra, líder do governo, trabalha para sensibilizar alguns dos seus colegas a que retirem suas assinaturas do requerimento, o que inviabilizará a abertura da CPI e a decisão do ministro Barroso.
 
Há, porém, outra hipótese, e esta interessa ao Palácio do Planalto: a CPI seria instalada com o objetivo de, também, apurar a atuação de governadores e prefeitos que teriam desviado, para outros fins, o dinheiro que a União mandou para as despesas de enfrentamento da pandemia.
 
Teríamos, então, a reedição da “CPI do Fim do Mundo”, dentro da qual caberiam – como testemunhas, suspeitos ou acusados – todos os lados da questão, isto é, não só o atual e os ex-ministros da Saúde e quem os nomeou, mas também os atuais e, se for caso, ex-secretários de saúde dos estados e municípios que tenham participado de licitações para a compra de equipamentos e medicamentos desde o início do processo de ataque à pandemia (e neste caso há vários estados, como o Amazonas e o Pará, onde ocorreram fatos escandalosos, envolvendo suas grandes autoridades políticas e sanitárias). 

Os luminares da ciência médica seriam ouvidos para esclarecer os muitos pontos divergentes.
 
Se vier mesmo a ser instalada, a CPI da Covid terá uma agenda do tamanho do Brasil.
 
Suas reuniões, que terão transmissão ao vivo pela tevê, poderão ser palco de um debate científico sobre, por exemplo, se a Ivermectina e a Azitromicina têm ou não eficácia no tratamento precoce da Covid-19. 

E se esse tratamento precoce é eficaz, e, se o for, que se mostrem as provas. Se estas não existirem, que se desmoralizem e se punam os que o divulgaram. 

Por enquanto, persiste a dúvida, pois há um lado da ciência que se manifesta contra a precocidade do tratamento anti-Covid e outro que se proclama a favor dela, contribuindo para a confusão reinante, agravada pela politização de tudo o que diz respeito ao assunto – desde a origem do vírus às opiniões da Organização Mundial de Saúde (OMS), desde a compra de vacinas à logística de sua distribuição, desde a simples recomendação do uso de máscara de proteção até o isolamento social, rígido ou não. 

Essa lamentável politização conduziu o Brasil ao impasse de hoje, que é acirrado pela polarização ideológica: a extrema esquerda e a extrema direita pintaram-se para a guerra.
 
Faltam, infelizmente, os promotores da paz, que, por medo ou por omissão, se escondem nesta hora de aguda gravidade.

Para apagar o incêndio desta crise, falta a água do entendimento, da pacificação. Faltam os bombeiros da concórdia. 

 
POUCA CHUVA FRUSTRA ALGODÃO NO APODI

Na Chapada do Apodi, no Leste cearense, agricultores que plantaram algodão sonhando com uma boa pluviometria neste 2021, lastimam as poucas chuvas registradas e começam a admitir que terão algum prejuízo pela queda da safra.

Esta coluna conversou ontem com um empresário que dobrou a aposta na cotonicultura no Apodi, onde, no ano passado, graças à boa e regular temporada de chuva, teve uma ótima colheita de pluma e de caroço de algodão –a primeira foi desfiada e em seguida transformada em tecido; o caroço foi vendido a maquinistas que fizeram dele insumo para ração do gado bovino leiteiro, abundante na região.

‘Estamos na expectativa. No fim deste mês, teremos a exata estimativa do que a safra algodoeira deste ano nos dará. Tendo em vista as chuvas bem abaixo da média histórica, a perspectiva beira a frustração”, disse o empresário a esta coluna.

Mas o secretário Executivo da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro, depois de ouvir o presidente da Funceme, Eduardo Martins, já comunicou ao seu hierarca, o secretário Maia Júnior, que, a partir do próximo dia 17, haverá “muita chuva” sobre a bacia do rio Salgado, com impacto direto sobre a do Jaguaribe, o que dará recarga aos principais açudes do estado – Orós e Castanhão incluídos.

CRISE DO ORÇAMENTO AINDA SEM SOLUÇÃO

Sem solução à vista, segue o imbróglio em torno do Orçamento Geral da República (OGU) para 2021, que, aprovado no dia 21 de março, mais de três meses depois do prazo, não pode ser sancionado pelo presidente da República por um motivo fundamental: se o sancionar, Bolsonaro será alvo, imediatamente, de um processo de impeachment por “pedalada fiscal”, o mesmo que derrubou a presidente Dilma Rousseff.

Por causa do imbróglio, o governo está impedido de tomar algumas decisões, como a de antecipar o pagamento da primeira parcela do 13º provento dos aposentados do INSS, como deseja o ministro da Economia Paulo Guedes.

Será uma medida para incentivar, via consumo, a atividade econômica.
 
Acontecendo, exatamente, no momento em que o Senado é obrigado pelo Supremo Tribunal Federal a instalar a CPI da Covid-19, a crise do OGU é só mais um ingrediente às crises que castigam o país – a sanitária, a econômica, a fiscal, a social, a financeira, a moral e a da ética.
 
REFORMAS TRIBUTÁRIA E ADMINITRATIVA NÃO AVANÇAM

Se já era difícil a aprovação das reformas Tributária e Administrativa, agora, isso ficou quase impossível.

Não haverá tempo. Nos dois meses e meio que restam deste primeiro semestre do ano, todo o esforço do Congresso estará focado na CPI da Covid, se ela for mesmo instalada. 

Para conturbar ainda mais esse cenário, amiúdam-se as opiniões e comentários desfavoráveis sobre a atuação do ministro da Economia, Paulo Guedes, que está entregando quase nada do que prometeu na campanha e reprometeu nas primeiras semanas depois de instalado o governo.
 
Mas, neste caso, a culpa não é só de Guedes, mas do próprio presidente Bolsonaro, que tendo acenado com uma gestão liberal na economia e conservadora nos costumes, tomou decisões e emitiu opiniões contraditórias. 

A concessão de aeroportos, de terminais rodoviários e de ferrovias foi o máximo que Bolsonaro e Guedes conseguiram, mas nestes casos o louvor deve ser dado ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freiras, este sim, um craque, como o é, também, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. 

ECONOMIA MUNDIAL CRESCE COM ESTIMULO E VACINA

Um relatório do Fundo Monetário Internacional – o World Economia Outlook – projeta novos números relativos ao crescimento global para este 2021.

O documento indica que a economia mundial terá um incremento positivo de 6% neste ano.

Para 2022, a previsão é de crescimento de 4,4%.

Causa: estímulos fiscais nas grandes economias, principalmente nos EUA, vacinação acelerada, o que provocará uma recuperação antecipada da atividade.

PANDEMIA: COMEÇA HOJE A FLEXIBILIZAÇÃO DO ISOLAMENTO 

Começa a aliviar o isolamento social no Ceará, a partir de hoje, com efeito positivo direto na atividade econômica.

Os shoppings centers reabrem das 12 às 18 horas, com 25% de sua capacidade, mas as barracas de praia, não.
 
As lojas de rua reabrem das 10 às 16 horas, também com a mesma limitação, mas seguem interditadas as escolas, com exceção das que ensinam crianças de até cinco anos e das salas de aula do primeiro e segundo anos do ensino fundamental.
Os restaurantes podem abrir no mesmo horário das lojas de rua.
 
As barbearias e salões de beleza reabrem das 10 às 16 horas (os cabeludos celebram a novidade), mas as academias de ginástica manter-se-ão encerradas. 

Os ônibus e trens do metrô prosseguem funcionando normalmente, mas os templos cristãos – católicos ou não – só podem ter celebrações presenciais com 10% de sua capacidade, o que forçará o prosseguimento das virtuais.

É o início, finalmente, da flexibilização, feito com base nas orientações e recomendações da ciência. 



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