Futuro da indústria está bem desenhado

Mais uma vez, a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) assume seu papel de protagonista da economia estadual, oferecendo ao seu governo e à iniciativa privada a "Plataforma para o Desenvolvimento Industrial Cearense". Trata-se de uma proposta, detalhada em 200 páginas e elaborada em só 90 dias por algumas das melhores e mais lúcidas inteligências da academia, do empresariado e do setor público do Ceará, cujo objetivo é bem claro: fazer do Estado um polo da indústria 4.0, um centro de inovação tecnológica, um núcleo de grandes negócios, um cluster de empresas industriais estreitamente relacionadas e conectadas a outros setores da atividade econômica, como a agropecuária, o comércio e o serviço.

Coordenado pelo economista Lauro Chaves, professor da Uece e doutor em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, o grupo que desenhou a plataforma estabeleceu nove linhas estratégicas sobre as quais deverão ser orientadas as ações públicas e privadas.

São elas: integrar as cadeias produtivas e territórios; aperfeiçoar a governança corporativa; inovar e elevar o valor adicionado; internacionalizar a indústria; qualificar seu capital humano; melhorar o ambiente de negócios; diversificar a estrutura de capital, próprio e de terceiro, com acesso aos mercados nacional e internacional; articular com o setor público; e fomento à inteligência competitiva.

Todavia, em um ponto - o da internacionalização - a plataforma terá dificuldade, não por causa de um fator endógeno, mas por culpa do próprio governo brasileiro, que mantém fechada a economia nacional. Entre 141 países, o Brasil tem a segundo menor corrente de comércio no mundo. Mas o Ceará e sua elite empresarial industrial pode erguer-se contra esse retrocesso, dando o bom exemplo, abrindo-se para a competição externa. "As empresas brasileiras somente vislumbram o mercado externo quando há crise no Brasil, ou em face de um câmbio muito favorecido", afirma com razão o documento da Fiec. E diz mais, ainda: "O Ceará ocupa a 14ª colocação no ranking nacional de exportações e importações (em US$), o que representa apenas 1% das exportações e importações brasileiras. A corrente de comércio do Ceará somou US$ 4,622 bilhões em 2019, correspondendo a 0,3% sobre o PIB brasileiro e 11% do PIB do Ceará deste ano".

É muito pouco, e o desafio da plataforma é mudar esse quadro em curto espaço de tempo. É mesmo uma tarefa bastante difícil, mas não impossível para quem, como o cearense, costuma vencer grandes desafios. Assim, repetindo o que disse segunda-feira, 7, o presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Ricardo Cavalcante, no lançamento da Plataforma para o Desenvolvimento Industrial Cearense, "que venha o futuro".



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