Coronavírus: produtores de alimentos pedem estradas livres para o abastecimento

E o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro, pergunta: "O que será do amanhã das empresas cearenses?"

Coordenador do Comitê Técnico de Fitossanidade da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), conselheiro da Camarão BR e CEO da Itaueira Agropecuária – que produz frutas, verduras e camarão no Ceará, Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte – o cearense Tom Prado confirma que a agropecuária brasileira está garantindo a produção e a distribuição dos alimentos em todo o País, neste momento de pandemia do coronavírus.

Mas ressalta que, para a manutenção da eficiência desse abastecimento, é necessário o livre trânsito das mercadorias pelas divisas estaduais.

No Ceará, esse trânsito flui normalmente nas divisas com o Piauí, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, informa ele.

Mas em outros estados há problemas.

Em linha com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com a qual tem estreito e constante diálogo, Tom Prado ressalta o compromisso assumido sexta-feira,20, por toda a cadeia produtiva da indústria brasileira de flores, frutas, legumes e verduras (FFLV), para a qual “a produção no campo não pode nem vai parar”.

De acordo com Tom Prado, todo o setor de FFLV reunido assumiu o compromisso de abastecer as redes de supermercados em todo o País, “e isto está sendo cumprido”.

Ele ressaltou que, em algumas fazendas e unidades de processamento de alimentos, “é possível que se registre uma redução da capacidade de produção e processamento, mas nada que possa prejudicar o abastecimento”.

Ao mesmo tempo em que se esforça para manter a produção, todo o setor de FFLV – acrescenta Tom Prado – tem trabalhado para melhor comunicar para toda a sociedade, colabores internos, fornecedores e clientes as melhores práticas de higiene e medidas pessoais para evitar a proliferação do Covid-19.

PELO CELULAR

Honório Pinheiro, CEO e sócio da rede Supermercado Pinheiro, informa:

“Triplicaram, em uma semana, nossas vendas pelos aplicativos. O consumidor descobriu que, para evitar o contágio da Covid-19, é melhor, mais prático, mais rápido e mais seguro comprar por meio do celular”, ele revela.

Por isto mesmo, sua rede de lojas reforçou o atendimento e o serviço de entrega dos pedidos que chegam pelo telefone móvel.

Provavelmente, o coronavírus causará uma mudança no hábito de comprar no supermercado.

ÁLCOOL-GEL

Maia Júnior, secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará, estava ontem feliz com a decisão da Diageo – dona da Ypióca – e do Grupo Telles, do empresário Everardo Telles, que em suas unidades industriais cearenses produzirão, a partir de hoje, álcool-gel.

Mas toda essa produção já tem um destino certo: a Secretaria de Saúde, que a distribuirá pelos hospitais da rede estadual, principalmente os que atendem os infectados pelo coronavírus.

“O espírito de solidariedade do empresariado do Ceará é digno de nota”, destaca Maia Júnior.

PECÉM

Juntaram-se a diretoria do Complexo do Pecém e a liderança do Sindicato dos Empregados em Transportes Aquaviários, que, de comum acordo, decidiram:

1) Está proibida, temporariamente, enquanto durar a pandemia do coronavírus, o embarque, o desembarque e a troca de tripulação nos píeres do Porto do Pecém.

2) Será feita, diariamente, a higienização dos ônibus das rotas utilizadas pelos trabalhadores.

3) A partir de hoje, segunda-feira, 23, serão usados termômetros corporais nas entradas e portões de acesso ao porto.

4) Usarão luvas descartáveis os funcionários da CIPP, inclusive motoristas, que têm contato com a tripulação dos navios.

CASTANHÃO

Uma boa notícia! 

O açude Castanhão já está com 440 milhões de metros cúbicos acumulados – 5,96% de sua capacidade total de 6,5 bilhões de m³.

Se chegar a 10%, a agricultura irrigada no Vale do Jaguaribe retomará sua atividade.

E O AMANHÃ?

Presidente da Federação das CDLs do Ceará, Freitas Cordeiro preocupa-se com a sobrevivência das pessoas físicas neste tempo de coronavírus.

Mas pergunta: como será o amanhã das empresas que empregam milhares de pessoas no Ceará?

“Se nada fizermos, ao final estaremos contabilizando mais falidos do que falecidos”, adverte ele.

Freitas lembra que as empresas já vinham no limite de sua capacidade contributiva, “mas elas agora estão na UTI, precisando urgentemente de oxigênio através de respiradores mecânicos”.

Pelo que esta coluna ouviu de empresários do varejo, o governo cearense deve, com urgência, adotar medidas que prorroguem o recolhimento dos impostos estaduais e municipais e permitam o parcelamento desse recolhimento, sem o que as empresas irão à falência.

A propósito: foi por pressão de Freitas Cordeiro que o governo decidiu permitir o funcionamento das bodegas e armazéns na capital e no interior do Estado.

É neles que a população de baixa renda compra seus alimentos nas peferis da cidade e nas vilas dos sertões cearenses.