Se o cenário da economia brasileira já estava complicado pelo coronavírus - que, segundo o ministro da Saúde, vai expandir-se de forma exponencial ao longo das próximas semanas, podendo causar o mesmo caos que se observa em vários países, como a Itália - ele agora ficou mais grave pela decisão, digamos assim, irresponsável, da maioria da maioria do Parlamento que derrubou o veto presidencial à proposta de aumentar o valor do Benefício de Proteção Continuada (BCP) de idosos acima de 65 anos e deficiente.
A decisão representa um rombo de R$ 20 bilhões no Orçamento da União neste ano.
O empresário pergunta: que tipo de compromisso têm esses parlamentares com o País? Como e por que investir?
Por sua vez, o trabalhador indaga: como manter os empregos atuais e como criar novas oportunidades de trabalho, se o ambiente de negócios só piora por culpa da irresponsabilidade parlamentar?
De costas para a tempestade perfeita que castiga a economia nacional - pandemia do coronavírus, guerra de preços do petróleo e ampliação do déficit das contas públicas, tudo a uma só vez - a Câmara dos Deputados e o Senado, mais aquela do que este, esticam a corda na clara tentativa de inviabilizar os planos do Executivo para consertar o que está errado.
E o que está errado é muita coisa, a começar pelo poder das corporações que comandam o serviço público e se apropriam de mais da metade da arrecadação tributária da União, dos estados e dos municípios.
Sem se falar no modelo tributário regressivo, perverso e obsoleto, que precisa de ser mudado, mas não muda.
Quase a metade dos parlamentares federais está envolvida em casos de corrupção apurados pela Lava Jato, mas a Justiça até agora não os puniu, frustrando a sociedade que os deseja longe da atividade política e punidos pelos seus crimes.
Mais fisiológico do que ideológico, o Congresso barra, por isto mesmo, as tentativas de tornar o Brasil um país sério.