Arco metropolitano: sem governo, não dá!

Um engenheiro civil com experiência na construção de estradas e canais de irrigação, resume numa frase curta o que pensa sobre a ideia do Governo do Ceará de conceder à iniciativa privada, via licitação com audiência pública, a construção, a operação e a manutenção do Arco Metropolitano, uma autoestrada de 90 quilômetros de extensão, com pista dupla asfaltada, ligando a BR-116, em Pacajus, ao Porto do Pecém. Ele diz: "Sem a participação do Governo, essa concessão será um tiro no pé, pois terá 100% de chance de dar errado". Ele explica com uma longa pergunta: "Que empresa tomará emprestados os R$ 450 milhões necessários à execução da obra, sabendo que a cobrança do pedágio será insuficiente para a amortização do principal e dos juros do financiamento bancário, cujo prazo de resgate será a metade dos 30 anos da concessão?"

O mesmo engenheiro acrescenta: "Uma indústria localizada em Pacajus ou Horizonte preferirá transportar sua carga pelos 90 quilômetros pedagiados do Arco Metropolitano, ou optará pelo gratuito IV Anel Viário - também de dupla pista - que a levará até o Porto do Pecém por uma rodovia que, além de pista dupla, já tem pavimento rígido, em concreto?"

Ele alisa os poucos cabelos da cabeça, perscruta o céu azul e prossegue: "Na engenharia financeira do Arco Metropolitano têm de estar presentes, obrigatoriamente, o Governo e seu orçamento. Uma concessão pura e simples será inviável hoje, amanhã e daqui a cinco anos".

Outro engenheiro, com 30 anos de experiência em projetos rodoviários, sentencia: "O governo do Estado deverá, primeiro, construir o Arco Metropolitano com dinheiro do seu orçamento, mesmo que obtido por meio de financiamento do BNDES, do BNB, do BID ou do Banco Mundial. Em seguida, deverá promover uma licitação para escolher a empresa que assumirá a sua operação e manutenção, para o que cobrará pedágio de valor suficiente para remunerar o poder concedente e auferir lucro. Ou será assim, ou não dará certo a ideia de convocar a iniciativa privada para ser parceira do projeto". Os dois engenheiros, para fechar sua exposição, perguntam: como está hoje a gestão da Arena Castelão e do Centro de Formação Olímpica? Alguma empresa privada os administra e os mantém? Ou tudo isso virou mais uma tarefa rotineira do serviço público às custas do contribuinte?

Como se fosse um jogo final da Série A do Brasileirão - a vacinação anti-Covid-19 começará na semana que vem. Não se sabe se no dia 19 no estádio Mané Garrincha de Jair Bolsonaro ou se no dia 20 no Morumbi de João Dória nem se a vacina será chinesa do Butantan ou inglesa da Fiocruz. Mas que tudo isso está ridículo, não dá dúvida.

Ontem, a LD Urbanismo - que conclui a construção do Hotel Ibis Praia de Iracema, na Guarino Alves, 190, a 15 metros da Av. Monsenhor Tabosa, assustou-se: o valor da conta de água e esgoto do prédio, que, de dezembro de 2019 a novembro de 2020, não passou de R$ 1.537,79, saltou para R$ 30.014,24. A Cagece estará com Covid?