Agrava-se a crise. Mas é a política que tem de resolvê-la

Quem, no regime democrático, enfrenta e soluciona as crises são os políticos, dos quais a população pede, apenas, juízo, muito juízo. E mais: 1) Ceará lidera investimentos no país; 2) Assaí terá mais 3 lojas em Fortaleza; 3) Pequenos negócios sofrem com crise energética

Caminha para um grave impasse a relação dos poderes da República Federativa do Brasil. Nos últimos três dias, os fatos políticos precipitaram-se com atitudes e declarações que, se seguirem em escalada, desembocarão numa encruzilhada perigosa, pondo em risco a democracia e todas as suas virtudes, incluindo a liberdade.

Há em curso uma tumultuada Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado com o objetivo de produzir um relatório que acusará o presidente da República de responsável por todas as mais de 520 mil mortes causadas pela pandemia da Covid-19, cujo texto também sustentará o pedido de impeachment do Chefe do Governo.
 
O presidente da CPI, senador Omar Aziz, fez acusações contra o que chamou de “banda podre das Forças Armadas”, numa referência ao general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e a seus auxiliares, todos militares, sobre cuja gestão surgiram denúncias de compra superfaturada de vacinas contra a Covid-19.

Em imediata resposta, o ministro da Defesa e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica publicaram nota cujo texto trouxe uma clara e dura advertência sobre o que poderá acontecer, se a corda esticar mais do que já esticou.
 
Ontem, em mais um gesto midiático, alguns senadores entregaram na seção de protocolo do Palácio do Planalto uma carta dos integrantes da CPI, pedindo respostas do presidente da República às questões relacionadas àquelas denúncias de compras superfaturadas de vacinas.

O presidente, em sua “live” das quintas-feiras, usou palavra chula para referir-se à carta dos senadores, o que serve para revelar a que ponto chegaram as relações pessoais da elite política brasileira e institucionais dos poderes da República – o Judiciário também tem contribuído, infeliz e fortemente, para o agravamento da crise. 

Antes que venha a acontecer o impasse a que esta coluna se referiu na abertura deste texto, já está acontecendo sua nefasta consequência: há três dias, a Bolsa está em queda e o dólar em alta, revertendo uma tendência positiva que se registrava nos negócios.

A oposição, que tem de oposicionar, faz o que lhe cabe: com o apoio explícito e crescente da mídia, cria todas as dificuldades possíveis para causar repercussão negativa no mercado financeiro. O dólar, que no começo da semana chegou a R$ 5, fechou ontem a R$ 5,25. E a Bolsa em queda de 1,25%. Isto causa enorme prejuízo aos planos do governo de acelerar a retomada da economia e de fazer aprovar a reforma administrativa e do Imposto de Renda, que tramitam no Congresso.

Quase ao mesmo tempo, uma nova pesquisa do Datafolha foi divulgada, indicando que subiu para 51% o índice de reprovação do governo do presidente Bolsonaro. Hoje, o mesmo instituto deverá divulgar pesquisa para a eleição presidencial de 2022, que, muito provavelmente, virá com a liderança de Lula.

Segue a polarização da política, como querem a extrema direita e a extrema esquerda, cada uma achando que ganhará o jogo da eleição do próximo ano. 

Na próxima semana, o Congresso deverá votar o Projeto de Lei que trata do voto impresso, que, se aprovado, será, para esta coluna, um retrocesso. O processo eleitoral brasileiro é o mais moderno e correto do mundo, e foi ele que elegeu o presidente Bolsonaro.

Também na próxima semana estão previstas novas manifestações de rua a favor e contra o presidente da República. Na última delas – contra – houve confrontos com a Polícia, em São Paulo. Com o acirramento dos ânimos, teme-se que, nos atos dos dois lados, se infiltrem facções anarquistas com a intenção de causar tumulto, esticando mais ainda a corda da crise.
 
Há, na esquerda e na direita, a expectativa de que as Forças Armadas intervirão no processo da política brasileira – vale lembrar que, no regime democrático, é a política que faz ou deixa de fazer os arranjos institucionais que vendem as crises.
 
Esta coluna ladeia-se aos que pensam o contrário: as Formas Armadas e sua alta hierarquia manter-se-ão obedientes ao que estabelece a Constituição.
 
Quem enfrenta e soluciona a crise – e esta é só mais uma que o país enfrentou ao longo dos últimos 200 anos – são os políticos, dos quais a população pede, apenas, juízo, muito juízo.

CEARÁ REVISA SEU PLANO PLURIANUAL

Deputado federal e secretário de Planejamento do Estado, o economista Mauro Benevides Filho não esconde seu entusiasmo quando fala sobre a capacidade de investimento do governo do Ceará, que e hoje de 11,5% da Receita Corrente Líquida, bem acima dos 5,9% do governo do riquíssimo São Paulo.

Benevides, doutor em economia pela Universidade de Vanderbilt, na Califórnia, chega a dizer – como o fez ontem, durante uma Webinar promovida pela Secretaria de Planejamento para a revisão do Plano Plurianual 2020/2023 – que “nem posso citar Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, porque são estados hoje com muitas dificuldades”.

De acordo com o secretário e parlamentar do PDT, é essa boa condição financeira do Governo do Estado – cujas contas mantêm-se em ordem desde 1987 – que que tem atraído a atenção não só de grandes investidores nacionais e estrangeiros, mas também de agências multilaterais, como o BID e o Banco Mundial, que querem ser parceiros do Ceará.

“O Governo do Ceará respeita e cumpre contratos, e este é um detalhe que conta como uma vantagem comparativa na hora em que o investidor vai decidir onde localizar seu investimento”, acrescenta Mauro Benevides Filho.

BRASIL ABRE, CHILE FECHA USINAS A CARVÃO

No Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), diante da crise que afeta gravemente o setor, está autorizando a construção de mais usinas termelétricas movidas a carvão.

No Chile, o governo de Sebastián Piñera, fechou acordo com a multinacional norte-americana AES, que vai encerrar a operação de usinas movidas a carvão, que geram hoje 1.097 MW.

Resumindo: a Aneel, em vez de remar a favor do meio ambiente, rema exatamente no sentido contrário do que fazem os países inteligentes, como o Chile, e desenvolvidos, como a Alemanha e Portugal, que estão a fechar suas usinas a carvão.

No Chile, o fechamento das termelétricas a carvão estará concluído em 2025, daqui a quatro anos.

ASSAÍ TERÁ MAIS 3 LOAS EM FORTALEZA

Em comunicado a esta coluna, a rede Assaí Atacadista informa: 

Até dezembro deste ano, abrirá três novas lojas em Fortaleza, com o que a rede totalizará 12 lojas da empresa no Ceará. 
Essas três novas unidades, além de gerar renda e receita tributária para o Estado, gerarão mais 1.500 empregos diretos e indiretos. 

CRISE ENERGÉTICA: PEQUENOS SOFREM MAIS 

Para as micro e pequenas empresas, a grave crise energética que ameaça o país e já provocou o reajuste das bandeiras tarifárias, pode ser mais um duro golpe, principalmente para as que ainda não conseguiram recuperar o nível pré-pandemia. Uma pesquisa feita pelo Sebrae, em 2019, já mostrava que a conta de energia representava mais de 15% dos custos operacionais dos pequenos negócios.
 
No ano passado, um novo levantamento revelou que essas despesas eram o principal custo para quase 28% dos empreendedores.

Para o gerente de competitividade do Sebrae nacional, Cesar Rissete, será muito difícil para as micro e pequenas empresas suportar o aumento das tarifas. 

“Em tempos de economia aquecida, repassar esse custo para os clientes já seria complicado, em razão da concorrência. Mas, neste momento de baixa da economia, transferir o aumento da energia para o preço do produto ou serviço pode ser fatal, uma vez que o nível do consumo ainda não se recuperou. Isso pode inviabilizar muitas empresas”, comenta Rissete. 

Na sua opinião, nesta hora, “os empresários tentarão reduzir as despesas com outros custos operacionais, mas nem sempre isso é viável”.
 
Segundo Rissete, a saída é buscar o aumento da eficiência energética das empresas. “Muitas vezes é possível diminuir o desperdício de energia com medidas simples. Para isso, o empreendedor precisa rever todo o processo de produção e todo o ambiente do estabelecimento. A simples troca de lâmpadas ou o aumento da iluminação natural, já pode trazer resultados significativos no final do mês”, avalia Cesar Rissete. 

Segundo ele, o impacto tende a ser sentido por todos os segmentos de atividade, mas os setores mais intensivos no uso de máquinas e equipamentos (como as pequenas indústrias) tendem a sofrer essa crise de forma mais significativa.

APODI DOA ELMO AO HOSPITAL DE QUIXERÉ

Boa iniciativa tomou, mais uma vez, a Companhia de Cimento Apodi, que fez ontem a doação de cinco capacetes Elmo ao Hospital Municipal de Quixeré, em cuja zona rural se localiza a gigantesca fábrica da empresa.

O capacete Elmo é um equipamento de respiração artificial não invasivo que tem contribuído para o tratamento de pessoas com quadros leves ou moderados de COVID-19. 

Com sua utilização, a tecnologia pode favorecer na redução do tempo de hospitalização dos pacientes, salvando inúmeras vidas.
 
Acomodado ao pescoço do paciente, o Elmo permite ofertar oxigênio a uma pressão definida ao redor da face, sem necessidade de intubação. 

Dessa forma, é possível respirar com auxílio da pressurização e oferta de oxigênio. O equipamento também é utilizado fora de leitos de UTI.

STARTUPS DE AQUIRAZ USARÃO DRONES

Antes que seja escolhido o terreno em que será erguido o Polo Empresarial da Primeira Capital, em Aquiraz, duas startups – empresas emergentes que propõem o desenvolvimento de negócios inovadores – deverão antecipar sua instalação e funcionamento naquele município da Região Metropolitana de Fortaleza.

Como esta coluna já antecipou, elas atuarão na área do agronegócio, produzindo defensivos agrícolas orgânicos para os diferentes ramos da agricultura, entre eles o da fruticultura e das hortaliças.

Para isso, serão instaladas em terrenos distintos, ou seja, fora da área do Polo Empresarial. 

Ha uma lei estadual, sancionada pelo governador Camilo Santana, proibindo a pulverização aérea sobre culturas agrícolas em toda a geografia cearense, mas ela não será obstáculo para as duas startups.

“Sim, há essa proibição, mas ela não se aplica a defensivos orgânicos”, disse o empresário José Dias, que tem experiência na indústria química e lidera um grupo de mais de 30 colegas empresários da indústria e do comércio cearenses que, com as autoridades da Prefeitura de Aquiraz, toca o projeto do Polo Empresarial.

“E mais: a pulverização aérea com defensivos orgânicos a serem produzidos pelas startups será feita não por aviões agrícolas, mas por drones, cuja locação e cujo uso pertencem a uma segunda startup que se agregou à primeira. 

José Dias explica, didaticamente: 

“Fertilizantes e defensivos agrícolas químicos, por serem volumosos, necessitam obrigatoriamente de aeronaves para aplicação em grandes áreas. Fertilizantes e defensivos biológicos, porém, são ‘concentrados’ e podem ser utilizados por drones para combater as pragas em áreas de qualquer dimensão, ao mesmo tempo e reduzir os custos de produção. E mais: fertilizantes e defensivos agrícolas biológicos têm, como resultado final, produtos certificados como orgânicos, cujo valor de mercado é bem superior aos tradicionais.”

Esta coluna pode informar que há grandes investidores interessados em financiar o projeto das duas startups, uma vez que, para atender a demanda das grandes empresas agrícolas do Ceará e do Nordeste, principalmente as da fruticultura, a produção dos defensivos orgânicos terá de ser em escala.



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