Fique em casa!
Esta foi a ordem que a ciência transmitiu, em todos os idiomas, para os 7,5 bilhões de habitantes do planeta, tão logo a pandemia do Covid-19, descoberto na cidade chinesa de Wuhan, espalhou-se pelo mundo na velocidade do frevo.
Entre abril e junho, no auge da crise sanitária, a Classic FM, de Londres, e a Radio Swiss Classic FR, da Basiléia, emissoras especializadas em música erudita e ambas sintonizada em celulares aqui em Fortaleza – transmitiam, a cada 15 minutos de Listz, Smetana, Dvórak, Mozart, Beethoven ou Korsakov, o mesmo apelo: “Stay Home”.
Aqui, os comunicadores, com Paulo Oliveira, da Rádio Verdes Mares, à frente, repetiam o mantra.
Os septuagenários cearenses, na faixa etária de alto risco, logo se recolheram ao seu espaço doméstico, seguindo as ordens do governo, que, por sua vez, lastreava sua decisão, de impor o distanciamento social, no argumento da ciência médica, que repetia: quanto maior for o isolamento, menor será o número de casos e de óbitos.
Mas o brasileiro – o cearense no meio – sempre encontra um jeitinho de lesionar uma ordem da autoridade legal.
No melhor estilo STF de interpretar o que, claramente, diz a lei, o acreano, o piauiense, o goiano, o carioca e o gaúcho entenderam que ficar em casa é aglomerar-se nas praças, nas praias, no ônibus, no metrô, na feira livre e nos comícios da eleição que passou.
A fatura dessa lamentável irresponsabilidade chegou agora em forma de estatística: o número de casos e de óbitos, que se vinha reduzindo havia um mês, infletiu em curva ascendente.
Aqui e no mundo.
Londres, Paris, Lisboa, Madri, Barcelona, Roma, Milão e Berlim isolaram-se de novo, desta vez porque surgiu na Europa, na Oceania (Nova Zelândia e Austrália) e até na Antártida uma variante mais perigosa desse vírus.
Daqui a oito dias, teremos nos balanços diários do Ministério a Saúde a consequência do que se passou nas celebrações do Natal; e até o dia 8 de janeiro, sairá o apurado da celebração do réveillon, no próximo dia 31.
Mas há exceções nessa regra do "jeitino".
Um bom exemplo do respeito aos éditos do governo e das recomendações da ciência quem está dando é o empresário Jorge Parente, ex-presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).
Por ordem de sua filha, Dra. Niedja Bezerra Frota, uma especialista em reumatologia: “Não saio de casa nem pra pagar promessa”, diz ele à coluna.
Sua obediência à ciência vem desde o dia 18 de março, ou seja, há 9 meses.
Se todos tivessem feito a sua parte como Jorge Parente e outros idosos fazem a sua, o Covid teria sido, talvez, só uma “gripezinha”.