5g sem chinesa será um grave problema

Entidade que congrega as operadoras de telecomunicações no País, a Conexis Brasil Digital, novo nome do SindiTelebrasil, divulgou, ontem, comunicado no qual se posiciona diante do próximo leilão 5G, a ser promovido em meados de 2021 pela Anatel. As operadoras afirmam: "Diante do nosso papel fundamental na implementação da tecnologia 5G no País, e preocupadas com as incertezas geradas por essas discussões, ressaltamos a necessidade de transparência de todo o processo, prezando assim pelo princípio fundamental da livre iniciativa presente em nossa Constituição Federal". Resumindo: clientes da Huawei, que lhes fornece produtos e serviços há cerca de 20 anos, as operadoras sugerem, nas entrelinhas, que o Governo brasileiro abra a licitação à participação de todas as concorrentes, entre as quais a gigante asiática, cuja tecnologia é hoje a mais avançada.

Pressionado pelo governo dos EUA, o Palácio do Planalto parece inclinado a proibir a participação da chinesa no certame. A Huawei está presente em 170 países. As operadoras emitem uma clara opinião de advertência ao Governo Bolsonaro: "Esse ambiente de incertezas pode impactar o desempenho do setor, pois eventuais restrições implicarão potenciais desequilíbrios de custos e atrasos ao processo, afetando diretamente a população. Questões como preço, escala mundial e inovações tecnológicas dos fornecedores hoje presentes no País são determinantes para que as melhores soluções e custos competitivos do serviço possam ser oferecidos pelas operadoras aos cidadãos". Uma opinião sensata.

Todos os fornecedores globais já atuam no Brasil nas tecnologias 4G, 3G e 2G. Assim, "uma eventual restrição a fornecedores do 5G pode atingir também a integração com a infraestrutura já em operação, com consequências diretas nos serviços oferecidos e custos associados, mais uma vez prejudicando os cidadãos brasileiros usuários dessa infraestrutura". Traduzindo, de novo: se outra empresa, que não a Huawei, vencer a licitação da Anatel, estimam as operadoras que a implantação da tecnologia 5G no Brasil atrasará de dois a três anos, pois terão de ser jogados no lixo todos os equipamentos hoje utilizados, o que resultará em brutal aumento de custos, cujas consequências atingirão diretamente o bolso dos usuários, isto é, todos nós.

No fim do comunicado, as operadoras lembram: "Representamos cerca de 4% do PIB e já investimos no País mais de R$ 1 trilhão desde a privatização, o que nos permitiu dar uma resposta robusta à atual crise. Somos um setor que emprega quase 2 milhões de profissionais, diretos e indiretos, e um dos que mais contribuem com pagamentos de tributos ao erário". Eis um abacaxi para o presidente Jair Bolsonaro descascar. Melhor esperar pela posse de Joe Biden.

Deve ter sido boa para os supermercados a Black Friday em Fortaleza. Ontem, eles estiveram lotados. Em alguns, porém, os produtos oferecidos com descontos atrativos, como os vinhos, logo esgotaram o estoque. A Black Friday já foi melhor. Na verdade, hoje, cercando-a, há muita desconfiança de ela estar a embutir fraudes.

Entrou em estado de coma o Dnocs. Quinta-feira, por decisão do Ministério do Desenvolvimento Regional, a Codevasf abriu licitação para a escolha da empresa que fará o projeto executivo do Sistema Seridó, no vizinho RN, onde o Dnocs atua há mais de 100 anos. O projeto construirá adutoras para levar água a 24 municípios.



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