A pandemia de Covid-19 teve impacto direto nas finanças dos principais clubes do futebol brasileiro. Sem bilheteria, e com uma parte dos torneios prolongados por 2021, gigantes apresentaram altos índices de endividamento. E o processo também afetou Ceará e Fortaleza, mas os representantes cearenses seguem como cases de “boa gestão”.
O diagnóstico é fruto da 12ª edição da Análise Econômico-Financeira dos clubes brasileiros de futebol desenvolvida pelo Banco Itaú. O estudo considerou balanços divulgados na última temporada, com foco no cenário interno das receitas.
"O futebol cearense foi muito feliz na construção dos clubes, de modo lento e sólido. Hoje tem uma situação de receita baixa na média, mas poucas dívidas. Mesmo na pandemia, não se apertaram, fizeram o que era necessário, com investimento ordenado. Ceará e Fortaleza estão dentro do cenário da boa gestão”.
Antes da perspectiva específica, vale ressaltar que todos os clubes tiveram perdas no último ano. O relatório, no entanto, mostrou que o total entre 2019 e 2020 foi de 22% ao analisar o período anual. Quando a perspectiva considera o calendário (ampliado pela CBF), a queda é menor, de 13%.
No cenário nacional, por exemplo, sete clubes representaram 62% do total de receitas. E nesse recorte de 21 times, o Fortaleza surgiu em 17º colocado, enquanto o Ceará é o 18º. Por isso o contexto positivo, uma vez que o baixo aporte não impediu o crescimento.
Em 2020, quando a solução encontrada por muitos foi a redução imediata do custo pessoal, ou seja, o desligamento de funcionários, Vovô e Leão foram na contramão e mantiveram o limite de colaboradores, enquanto o Palmeiras, por exemplo, teve queda no quesito de 68%.
O arrocho econômico e o trabalho da gestão permitiu que os clubes, mesmo sem alto capital ou chance de investimento, seguissem entre os menores endividamentos do futebol brasileiro.
Com espaço de investimento sólido e consistente, a dupla cearense conseguiu se manter na Série A por temporadas seguidas. Apesar da perda de receita, o equilíbrio permite que o crescimento siga em andamento e há caminhos definidos para o futuro.
"O que falta é o investimento mais robusto na base, a boa formação de nomes. A presença na Série A tornam os clubes vitrines para ampliar as negociações de atletas para investir e reinvestir nessa base. Se tiverem ordem, não precisarão perder o dinheiro para pagar dívida passada, podem usar esse dinheiro para seguir crescendo".
Conclusão da análise do Ceará: "pouco endividado, com controle de custos e despesas, além de investimentos moderados, o clube atravessou a primeira temporada sob pandemia de maneira exemplar. Manteve equilíbrio, pode se valer de financiamentos sem estrangular a gestão, e ainda conseguiu melhorar seu desempenho esportivo".
Conclusão da análise do Fortaleza: tem capacidade de entender suas limitações financeiras, o que ajuda na gestão eficiente do caixa, assim, enfrentou a pandemia de forma segura, sem dívidas relevantes, operando dentro do que as receitas permitem. Fechou 2020 com condição acima da média dos clubes brasileiros”.