Duas mulheres na indicação de Melhor Direção e recorde de Viola Davis marcam as indicações deste ano e mostram a importância da diversidade de gênero e racial em premiações
A 93ª cerimônia do Oscar acontece no dia 25 de Abril, mas antes mesmo de mostrar ao mundo os vencedores da estatueta, essa edição tem se mostrando especialmente simbólica para as mulheres.
Pela primeira vez há mais de uma mulher disputando a categoria de Melhor Direção. Isso mesmo, após mais de noventa anos, ter duas mulheres concorrendo a um dos principais prêmios da noite é inédito. Chloé Zhao, vencedora do Globo de Ouro, concorre por "Nomadland", e Emerald Fennell entra na disputa por "Bela Vingança".
Outro ponto importante a se destacar é que Chloé Zhao é também a primeira mulher chinesa a receber uma indicação na categoria.
O Oscar, até então, só havia contemplado cinco diretoras como indicadas em melhor direção: Lina Wertmüller por "Pasqualino Sete Belezas", Jane Campion por "O Piano", Sofia Coppola por "Encontros e Desencontros", Greta Gerwig por "Lady Bird: A Hora de Voar" e Kathryn Bigelow, que venceu a categoria em 2010 por "Guerra ao Terror". Isso mesmo, apenas uma mulher em toda a história do Oscar venceu o prêmio de Melhor Direção.
Pensar que o principal e mais tradicional prêmio da história mundial do cinema tem tão poucos nomes femininos na lista de premiadas em suas principais categorias mostra o quanto a trajetória de luta feminina por representatividade segue como essencial para um âmbito profissional um pouco mais igualitário.
Viola Davis bate recorde
Além da diversidade de gênero, a diversidade racial é outro ponto falho na história do Oscar. E essa busca, muito mais pautada por lutas coletivas do que por um desejo genuíno da premiação, tem sido um ponto levantado no Oscar, que chegou a adotar medidas em prol da temática como ampliar seu quadro de votantes e uma nova política de indicação.
Tais ações estão mostrando seus primeiros passos. Além da inédita dobradinha na categoria de melhor direção, outra indicação bateu recorde e mostra como o recorte racial quando se fala de feminino é essencial.
A americana Viola Davis, de 55 anos, se tornou a atriz negra com o maior número de indicações ao Oscar. A artista concorre agora ao troféu de melhor atriz por "A Voz Suprema do Blues", de George C. Wolfe, e passa a ter quatro indicações ao prêmio ao longo de sua carreira.
Davis já concorreu a melhor atriz por "Histórias Cruzadas", em 2012, e a melhor atriz coadjuvante por "Dúvida", em 2009, além de "Um Limite Entre Nós", em 2017.
"É um reflexo das oportunidades", disse Davis em entrevista recente à revista Variety. "Ser uma atriz negra é como ter um corpo fabuloso, mas não ter as roupas certas para o exibir."
O Oscar afirmou que as produções que quiserem concorrer ao prêmio de melhor filme deverão abraçar a diversidade dentro e fora dos sets de produção. A decisão passa a valer a partir da 96ª edição, que ocorrerá em 2024.
Seguiremos na luta por espaços de equidade e por ter nosso trabalho reconhecido, celebrado e premiado.