Muito se discute sobre segurança pública nas tribunas e nos palanques políticos. É justo e é bom que assim seja: o tema cala fundo na opinião pública e, por isso, deve ser mesmo esmiuçado. É algo explorado à exaustão, mas sem que a falação se converta em soluções para demandas em frentes diversas do setor. Pode até render votos a uns e outros, mas nem sempre isso resulta em medidas que efetivamente deem respostas às necessidades apuradas.
O que persiste, na verdade, é uma discurseira gigantesca, mas daí para haver ações consequentes são outros quinhentos.
Ontem, policiais militares deram na Assembleia Legislativa do Ceará uma (mais uma!) demonstração do quanto é exigido em termos de preparo e qualificação da mão de obra do setor - o que personagens que extraem votos das corporações e das famílias de seus integrantes, como os deputados Wagner Sousa e Noélio Oliveira e o vereador Reginauro Souza (que é bombeiro militar), não aparentam enxergar.
Como se fosse a mais natural das manobras, PMs sacaram cápsulas do arsenal que portam e aspergiram gás de pimenta contra servidores públicos que, bem ou mal, protestavam na entrada da Casa contra a forma como a reforma da previdência estadual estava sendo encaminhadas.
Não se questiona aqui o uso da força pela Polícia, que pode ser uma estratégia de confronto admissível, mas deve-se ter em conta quando é dispensável. O que havia ontem na Assembleia não era uma turba incontrolável, não eram pessoas sem liderança, não se tratava de uma manifestação desorganizada. Ao contrário. Apesar disso, a PM optou por intoxicar os funcionários, o que alcançou profissionais de Imprensa, com a intenção de intimidá-los.
Há quem não considere episódios assim como abusivos, assim como há quem os classifique como indevidos.
Mas o fato é que geram incômodos políticos. E, muito mais do que asfixiar gente queixosa, isso envenena o convívio e a confiança.