Medidas para reduzir filas no INSS devem causar mais prejuízos à população e ao País

Declaração do novo presidente ridiculariza situação do órgão e daqueles que aguardam atendimento

Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

O cálculo mal feito do Governo Federal só causou insatisfação nos brasileiros que estão prestes a se aposentar ou necessitam de amparo do Seguro Social. Agora, a equipe econômica ignora a necessidade de reforçar o INSS e apresenta medidas paliativas na tentativa de reverter a fila de mais de um milhão de pessoas. Na prática, a estratégia só vai trazer mais prejuízos ao País e à população.

A declaração do novo presidente do INSS, Leonardo Rolim, descartando a contratação de mais servidores, ridiculariza os trabalhadores. Afastados por doença e/ou acidentes, eles precisam de celeridade na avaliação de seus processos. 

Sem atendentes, técnicos e médicos em número suficiente, o INSS deixa, somente no Ceará, 97 mil à espera de atendimento. Pessoas que, a partir de 15 dias de afastamento do emprego, dependem do órgão para receber seus salários. Mas, sem estes servidores, eles têm atrasos nas períciais e, consequentemente, atraso no pagamento.

Sem dinheiro, muitas vezes não conseguem comprar os medicamentos necessários para a recuperação e voltam ao trabalho com a capacidade de produção - e toda a vida - limitada.
 

O próprio INSS admitiu que conta com 1,5 mil servidores afastados, cujas perícias médicas devem ser aceleradas para que voltem ao trabalho e possam ajudar na diminuição da fila da qual fazem parte atualmente.

Focados nas privatizações e nas reformas estruturais, o grupo do ministro Paulo Guedes (Economia) ignora a importância de alguns equipamentos para o governo e, principalmente, para a população. 

Afinal, diferente do que pode se entender sobre a Dataprev e o Serpro, o INSS é um órgão essencialmente estatal, cuja função é atender o contribuinte de forma adequada, sem prejuízo para ele ou para as empresas. É um investimento no pessoal.

Com déficit de servidores e um sistema antiquado, cuja atualização para as novas regras só deve acontecer no segundo semestre deste ano, nunca há de se alcançar essa eficiência.

Muito menos conseguirá convocando militares e servidores públicos sem nenhum conhecimento dos processos, os quais demandaram gastos desnecessários para treinamento.

Enquanto o Ministério da Economia não reconhecer a responsabilidade e tomar medidas assertivas, a fila de atendimento do INSS só deve aumentar.