Brasil deve superar marca de 1.000 mortes por coronavírus no dia da Paixão de Cristo

País registrou terceiro recorde diário no número de novas mortes em consequência da Covid-19, com 141 óbitos em 24 horas, totalizando 941 mortes

Escrito por Redação ,
Legenda: Devido à Covid-19, não haverá a encenação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, no Agreste de Pernambuco. O evento foi adiado para setembro
Foto: Foto: João Tavares

Com uma média diária de mais de 100 mortos pela Covid-19, o Brasil deve superar, no dia da Paixão de Cristo, a marca de 1.000 óbitos confirmados. O Ministério da Saúde deve atualizar os dados, na tarde desta sexta-feira. Até a quinta-feira, 941 mortes tinham sido registradas no País desde a confirmação do primeiro óbito (17 de março).

Foram 141 óbitos em 24 horas, o que fez o Brasil bater o terceiro recorde diário no número de novas mortes em consequência do coronavírus. Com isso, o Brasil subiu do 10º para 9º lugar no ranking dos países que mais registram novos falecimentos por dia, superando o Irã (117 óbitos). O ranking é liderado pelos EUA (1.724 novas mortes), seguidos pela França (1.341). Nesta quinta-feira, 7.026 pessoas morrem pela Covid-19.

A taxa de letalidade do Brasil voltou a ser maior da série histórica, alcançando 5,3%. Dos nove estados nordestinos, quatro apresentam taxas de mortalidade de dois dígitos, o que indica uma situação bastante preocupante de deficiência na aplicação de testes massivos para detecção do vírus e de subnotificação dos contágios: Piauí (15,8%), Paraíba (12,2%), Sergipe (10,3%) e Pernambuco (10,1%).

Em todo o País, já existem 17.857 infectados, um aumento de 12% em relação ao dia anterior. São Paulo concentra o maior número de casos (7.480) e de óbitos (495), com mais da metade do número de mortes no Brasil. O estado é seguido por Rio de Janeiro (122 mortes) e Pernambuco (56).

Pico

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, disse que a expectativa de pico das contaminações continua a ser esperada para o fim de abril e o início de maio. "A previsão do pico continua a ser essa".

A tendência, segundo o Ministério da Saúde, é que esses recordes sejam superados dia após dia, com a escalada das contaminações esperada para as próximas semanas.

O aumento dos casos depende diretamente da capacidade de testes do Governo, algo que tem enfrentado problemas críticos para ser executado. Os testes em massa da população permitem que setor de saúde do País, público e privado, se planeje e organize minimamente uma estrutura capaz de atender os pacientes com suprimentos, estrutura de leitos e apoio médico.

A avaliação técnica do Ministério da Saúde continua a mostrar que o Brasil não está com nenhuma condição adequada neste momento, envolvendo insumos médicos, estrutura hospitalar e capacidade de atendimento.

Sem prazo

O planejamento do Ministério da Saúde conta com 22,9 milhões de testes, adquiridos ou doados, incluindo os testes moleculares, que são mais precisos no resultado, e os testes rápidos (sorológicos). Ocorre que, até agora, só há previsão de entrega para 9,183 milhões. Para os demais 13,7 milhões de unidades, o prazo é uma incógnita.

O boletim de ontem informa ainda que, desses 9,183 milhões de testes com programação de entrega confirmada, apenas 904.872 unidades já foram entregues, sendo 500 mil unidades do teste rápido e 404.872 unidades do teste molecular, também conhecido pela sigla RT-PCR.

A remessa integral só deve ser concluída no fim de julho. Na prática, o ministério recebeu apenas 9,9% desta parcela de testes com entrega programada. Em abril, a previsão é que mais 525 mil testes moleculares serão entregues. Três remessas, de um milhão de testes cada, estão programadas para maio, junho e julho.

Já sobre a aquisição de máscaras, o secretário do Ministério informou que a chegada de 40 milhões de máscaras de proteção que estava prevista para hoje não deverá ocorrer, por problemas de burocracia.

Uso da cloroquina

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), autorizou, nesta quinta-feira, o uso da cloroquina na rede municipal de saúde. Ele diz que o remédio, ainda sem consenso científico, poderá ser indicado com prescrição médica e aval do paciente.

Quarentena em SP

O governo paulista não avalia ainda a possibilidade de relaxar a quarentena no Estado ou abrandar outras medidas restritivas, garantiu o governador João Doria (PSDB).

Depois da Páscoa

O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, defendeu uma volta gradual da atividade econômica no Brasil após a Páscoa. Para ele, um retorno “responsável” das pessoas ao trabalho, a partir dos próximos dias, dará condições de o Brasil retomar o crescimento.

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