Apuração Eleições 2024 Legislativo Judiciário Executivo

Senado aprova projeto de lei que proíbe veto de doadores de sangue com base na orientação sexual

Projeto agora segue para análise dos deputados federais

Escrito por Agência Brasil e Agência Senado ,
doação de sangue
Legenda: Autor do projeto, Fabiano Contarato lembrou que todo sangue doado passa por testagem e, portanto, não há razão para excluir doadores em potencial apenas pela orientação sexual
Foto: Thiago Gadelha

O Senado Federal aprovou, nesta quinta-feira (4), projeto de Lei (PL) que proíbe a discriminação de doadores de sangue com base na orientação sexual. A proposta inclui um dispositivo com essa proibição na Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados e prevê punição em caso de descumprimento.

O projeto, de autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), agora, segue para a Câmara.

Contarato apontou que o Brasil avançou consideravelmente nesta temática quando o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a Portaria 158/2016, do Ministério da Saúde (MS), e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 34/2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os documentos dizem que homens que tivessem tido relações sexuais com outros homens devem ficar inaptos para a doação por 12 meses.

“Apesar de haver decisão do Supremo Tribunal Federal, estas normas espúrias clamam por um posicionamento firme deste Congresso Nacional, e tal firmeza está no escopo deste projeto de lei”, afirmou o relator, senador Humberto Costa (PT-PE), em seu parecer.

“O governo não pode tratar a comunidade LGBTQIA+ como um grupo formado por pessoas que representam perigo à saúde pública; não se pode restringir a qualquer grupo o direito de ser solidário, o direito de participar ativamente da sociedade, o direito de ser como se é”, acrescentou o relator.

Veja também

"Não há sangue de segunda categoria"

Após a aprovação, o senador Fabiano Contarato lembrou que todo sangue doado passa por testagem e, portanto, não há razão para excluir doadores em potencial apenas pela orientação sexual.

Ele alega ainda que o impedimento de doação de sangue, seus componentes e derivados por homens que se relacionam sexualmente com outros homens é uma grave manifestação homofóbica, em vigor em inúmeros países.

Segundo Contarato, trata-se de uma restrição absolutamente injustificada que não se baseia em critérios técnicos, mas na discriminação por orientação sexual.

“Toda doação de sangue é submetida ao mesmo rito de testagem rigorosa, para assegurar prevenção a infecções. Não há sangue de segunda categoria, pois não deve existir ser humano de segunda categoria. Excluir alguém, a priori, da possibilidade de doar apenas pela orientação sexual é mais uma forma perversa de exclusão e violação dos LGBTQIA+”, defendeu o senador.

Assuntos Relacionados