Legislativo Judiciário Executivo

MP Eleitoral do Paraná pede cassação de Sergio Moro por abuso de poder econômico

Cassação foi solicitada em duas ações acolhidas parcialmente pelos procuradores do MP

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
Sérgio Moro no senado
Legenda: Sérgio Moro pode ter o mandato como Senador cassado e ficar inelegível
Foto: EVARISTO SA / AFP

O Ministério Público Eleitoral do Paraná enviou parecer ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Estado pedindo a cassação do senador Sergio Moro (União Brasil) por abuso de poder econômico durante as eleições de 2022. Em duas ações, enviadas na quinta-feira (14), a inegibilidade do parlamentar também é solicitada, segundo informações da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.

A ação foi enviada pelos procuradores Marcelo Godoy e Eloisa Helena Machado, além de proposta pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e também pela federação de partidos composta por PT, PV e PCdoB.

Segundo parecer da Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná, ações têm procedência, "a fim de que se reconheça a prática de abuso do poder econômico, com a consequente cassação da chapa eleita para o cargo majoritário de Senador da República e decretação da inelegibilidade dos Srs. Sergio Fernando Moro e Luís Felipe Cunha".

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Segundo os partidos PT e PL, a exposição e recursos de Moro na pré-campanha para a Presidência da República possibilitaram vantagem indevida na campanha para o Senado. Na época, o ex-juiz desistiu da candidatura à Presidência pelo Podemos, migrando logo em seguida para o União Brasil.

A acusação, endossada pelo Ministério Público, aponta que Moro teria gasto R$ 7 milhões, quando o teto permitido pela lei seria de R$ 4,4 milhões. A defesa do senador vê "conotação política" no processo, que pode ser julgado no início de 2024 pelo TRE do Paraná.

"A lisura e a legitimidade do pleito foram inegavelmente comprometidas pelo emprego excessivo de recursos financeiros no período que antecedeu o de campanha eleitoral, porquanto aplicou-se monta que, por todos os parâmetros objetivos que se possam adotar, excedem em muito os limites do razoável", dizem os procuradores nas ações.

Cassação de Moro

Na prática, a manifestação do Ministério Público provoca um rebuliço no cenário político porque, se Moro for cassado, será preciso uma nova eleição para a vaga de senador. Nas fileiras do PT já há dois pré-candidatos à cadeira do ex-juiz da Lava Jato, caso ele seja mesmo defenestrado: a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e o líder da bancada do partido na Câmara, Zeca Dirceu.

O acolhimento da ação foi parcial porque os procuradores entenderem que não ficou comprovado o uso indevido dos meios de comunicação e nem a exposição desproporcional de Moro nos veículos, como alegavam os partidos.

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro se filiou ao Podemos, em novembro de 2021, com o intuito de ser candidato a presidente da República. Em março de 2022, porém, ele mudou de partido e passou a integrar o União Brasil. Logo depois, anunciou que concorreria ao Senado, e não mais ao Palácio do Planalto.

Os partidos que ingressaram com as ações argumentaram que, com essa mudança, os gastos da pré-campanha de Moro - antes destinados à corrida presidencial - "suprimiram as chances dos demais concorrentes" ao Senado pelo Paraná. O Ministério Público concordou com essa reclamação.

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