Editorial: Avanços no trânsito

O trânsito se impõe como um desafio central às administrações públicas em todas as grandes cidades do mundo. Em parte, é consequência do irrefreável crescimento populacional - explicado por variáveis como a continuidade de fluxos migratórios, do campo e de cidades menores em direção às metrópoles; e o aumento da expectativa de vida da pessoas. Ainda que o cotidiano conte, cada vez mais, com experiência que supressão do espaço, com as trocas de informações e de dados instantâneas, ir às ruas é um imperativo. O espaço urbano torna-se, a despeito de outros fenômenos econômicos e comportamentais, cada vez mais disputado.

O ir e vir nas urbes é uma preocupação ligada a todas as esferas da vida pública. Diz respeito à economia, no transporte de insumos e produtos e na condução dos trabalhadores; ao lazer; à saúde. Exige do Poder Público conhecimento técnico especializado, baseado em estudos e na interação com outras experiências bem-sucedidas, renovação de estratégias e métodos e, antes de mais nada, recursos.

Uma das principais preocupações das administrações públicas em relação ao trânsito é - ou deveria ser - a de manter a segurança das pessoas que trafegam, seja por meio de qual modal for, e dos pedestres. Não à toa, foi lançada, em maio de 2011, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), o projeto "Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020". Governos de todas as partes do mundo que integram o organismo internacional (o Brasil incluso) se comprometeram, à época, a adotar medidas para prevenir acidentes no trânsito, causa de morte de 1,25 milhão de pessoas por ano em todo o Planeta.

A coordenação dos esforços globais no período, bem como o monitoramento dos progressos de cada país e região ficaram sob responsabilidade da Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS). Entre as iniciativas apoiadas estão as medidas que visam à redução do consumo de bebidas alcoólicas por condutores; a conscientização de motoqueiros e ciclistas quanto à importância de equipamentos de segurança, em especial do capacete; o favorecimento do hábito de usar cinto de segurança; além da melhoria dos atendimentos de emergência, tornando-os mais ágeis e eficientes.

Na semana passada, a Prefeitura Municipal de Fortaleza divulgou um feito da Capital. A cidade tornou-se uma das primeiras no mundo a atingir a meta da ONU, presente nos objetivos listado no documento "Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020", de reduzir pela metade a taxa de mortes nas vias públicas. O resultado foi obtido um ano antes do fim do prazo estabelecido pela agência. No ano passado, foram registradas 7,4 mortes por cada grupo de 100 mil habitantes; enquanto, em 2010, a taxa era de 14,9 óbitos/100 mil.

A conquista anunciada deve motivar a intensificação das ações para redução da violência no trânsito, fonte de prejuízos emocionais, sociais e financeiros, para a sociedade e para os entes públicos. Há muito o que se avançar, e os dados mostram o que demanda esforços ainda mais efetivos. É o caso dos motociclistas, que representaram 44,2 % do total de mortes. O alerta demanda atenção não apenas do Poder Público, mas do cidadão, sob pena de danos irreversíveis.


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