Editorial: Agir com prudência

O mês de outubro consolida a marca de sete meses em que o Brasil iniciou a adoção de medidas sanitárias para o combate à Covid-19. Desde a segunda quinzena de março, cuidados extras quanto à higiene, obrigatoriedade do isolamento social, utilização de equipamentos de proteção individual, entre outras normas, passaram a ditar o cotidiano em face da urgência de driblar a maléfica ação do novo coronavírus - seja numa perspectiva pessoal ou coletiva.

Não sem motivo, após todo esse tempo de confinamento e limitações, é natural que grande parte da população esteja sob estresse e exaustão. Percebe-se um proeminente desejo compartilhado por retomar a convivência com amigos e familiares e voltar às ações de rotina, planejando o futuro em meio a novas possibilidades. Contudo, é imprescindível ter em mente que a pandemia ainda acontece, de modo que nunca é demais redobrar os cuidados e garantir que a saúde, de si e do outro, seja mantida.

Essa questão ganha maior fôlego em um momento no qual, em todo o País, a maioria das atividades econômicas já foi retomada ou se encaminha para um retorno - obviamente, cumprindo todos os protocolos sanitários de segurança.

No Ceará, a mais recente decisão nessa seara diz respeito à determinação do Governo de liberar a realização de eventos sociais, festas e shows com até 200 pessoas. A medida é válida para a macrorregião de Fortaleza. Porém, para que sejam realizados, os eventos precisam de autorização prévia da Secretaria de Saúde e a observância das normas de contenda ao contágio.

Sob outro espectro, o fato de se vivenciar um período de campanha eleitoral igualmente multiplica as atenções quanto ao risco de disseminação do vírus. Em alguns atos de campanha, na Capital e no interior, é perceptível o desrespeito às normas de distanciamento social e uso de máscara, com formação de aglomerações - ocasionadas por caminhadas, carreatas e outros compromissos das lideranças políticas. No lugar da massiva adesão a candidaturas com ações no meio digital, conforme previsão inicial, atos conduzidos sem cautela e responsabilidade.

Na Capital, além de pontos ligados à eleição, também é necessário volver o olhar para práticas como lotação de estabelecimentos, praias e aglomerações formadas ao redor de paredões de som. Acontecendo geralmente aos fins de semana, mas podendo ser observadas no correr de todos os dias, essas atitudes demonstram a amarga face da indiferença e do relaxamento inconsequente. Já é possível conduzir muitas atividades fora de casa, claro; todavia, a prudência sempre deve falar mais alto.

Cabe, assim, uma intensificação dos trabalhos por parte dos órgãos de fiscalização, sem prejuízo para os direitos políticos do cidadão, agindo não apenas nos pontos estratégicos de ajuntamento coletivo, mas também em outros, mais distantes do radar, mas não menos importante para o corpo social. Quanto à população, além de preservar as medidas de isolamento e distanciamento, denunciar atitudes de desrespeito às medidas contra a Covid-19 é fundamental.

Muito já pode ser feito seguindo os protocolos de segurança, isso é louvável; mas a tranquilidade de que o vírus não é mais uma ameaça ainda não é realidade.


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