Zico, Galvão Bueno e companhia

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Foto: AFP/Arquivo Pessoal

Nestas minhas andanças pelo mundo, cobrindo competições futebolísticas, tive a oportunidade de conversar bem à vontade com muitos ídolos. Foi assim com Zico e Galvão Bueno, duas pessoas pelas quais tenho muito respeito. Há alguns dias, os dois falaram sobre o mesmo tema: a necessidade de mudança de rumo no futebol brasileiro. Eles citaram, como motivo de suas observações, a eliminação da Seleção Brasileira nas quartas de final da Copa do Qatar e a eliminação do Flamengo na semifinal do Mundial de Clubes.

Galvão fez um retrospecto dos fracassos após o penta mundial da Canarinho em 2002. E Zico criticou a mudança de treinador no Flamengo, às vésperas de uma decisão mundial. Mas é bom observar que este não é o maior período de jejum da Canarinho. De 1970, quando ganhou o tricampeonato no México, a 1994, quando ganhou o tetra nos Estados Unidos, foram 24 anos. De 2002, ano do penta, a 2022, ano da última Copa, passaram-se 20 anos. Portanto, já houve um jejum maior. Não é a primeira vez que o futebol brasileiro experimenta uma situação tão desconfortável. Aliás, Zico, como atleta, foi prejudicado em três Copas, exatamente por erro de comando na Canarinho. 

Perfeita 

A análise feita por Galvão Bueno foi perfeita. Citou as eliminações da Seleção Brasileira, mostrando que, de 2002 a 2022, o Brasil sobrou nas quartas de final em 2006, 2010, 2018 e 2022. E, nesse período, na única vez em que chegou à semifinal, foi goleado pela Alemanha pelo placar de 7 a 1, na mais humilhante derrota da Canarinho em todos os tempos.  

Providências 

Muito bem. As colocações feitas pelo narrador Galvão Bueno foram bem fundamentadas. Agora vem a parte mais difícil. Como mudar? O primeiro ato seria uma mudança radical no viciado modelo eleitoral da entidade, que herdou as mazelas da época de Ricardo Teixeira. Sistema no qual as federações são chamadas apenas a dizer “amém”, numa inaceitável conivência. 

Polêmico 

Quanto à mudança no comando técnico, não creio haver necessidade de trazer um treinador estrangeiro. E aqui não se trata de xenofobia. Não é isso. Entendo que há treinadores no Brasil habilitados, sim, para dirigir com êxito a Canarinho. Mas teria de ficar blindado contra a pressão dos patrocinadores. Há quem diga que essas pressões não existem. Lembrei do provérbio das bruxas... 

Técnico 

Não é preciso trazer um treinador de fora. Zico poderia ser o técnico da Seleção Brasileira. Foi um dos melhores jogadores do futebol brasileiro em todos os tempos. Tem experiência internacional como atleta e como treinador. Alguém duvida da sua capacidade? Não sei se ele toparia, mas, para mim, a Canarinho estaria em excelentes mãos, se ele aceitasse. 

Outra opção 

Renato Gaúcho é outro nome que poderia, sim, comandar a Seleção Brasileira. O trabalho que ele fez no Grêmio foi notável. Tem liderança. Conhece futebol e já provou isso como jogador e como treinador. Hoje está mais maduro. Deixou os arroubos que tanto o atrapalharam. Seria, pois, uma segunda opção.



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