Os caminhos sem Robinson de Castro

Confira a coluna desta sexta-feira (10) do comentarista Tom Barros

Legenda: Robinson de Castro renunciou ao cargo de presidente do Ceará no início de 2023
Foto: Kid Júnior / SVM

Nestes meus 57 anos de profissão (prestes a completar 58), já vi muitas crises no alto comando do Ceará. Lutas pelo poder que só prejudicavam o clube. O saudoso médico Eulino Oliveira, presidente do tetra do Ceará na década de 1970, dizia sempre: “O Ceará unido é praticamente imbatível”. Ele tinha lá suas razões. Aliás, eu creio que a união é fundamental em todos os segmentos, não apenas no futebol. Observem que são sempre muito graves as consequências em campo, quando uma diretoria entra em desavenças. Os reflexos são imediatos. Há dúvidas que ficam no ar. Por exemplo: a crise na diretoria do Ceará foi consequência do baixo rendimento do time no ano passado ou o baixo rendimento em 2022 foi resultado de crise na diretoria alvinegra? Prefiro entender que foram as duas coisas ao mesmo tempo, ou seja, fracasso em cima, fracasso embaixo. A concretização da saída de Robinson de Castro abre espaço para um novo momento. Mas uma inquietação fica no ar: apenas a saída dele pacificará o clube ou haverá disputas internas movidas por vaidades não explicitadas? Espero que haja consenso e que o interesse do clube esteja acima de possíveis interesses pessoais.

Segurança 

Observem que a estabilidade do Fortaleza decorre de uma administração altamente profissional, unida em todos os segmentos. Desde quando inaugurou um novo modelo de gestão, o alto comando tricolor soube superar os momentos de extrema dificuldade, não deixando que se transformassem em agudas crises. 

Exemplos 

Quando o Fortaleza perdeu o título estadual para o Ceará em 2018, alguns eminentes dirigentes do clube chegaram a sugerir a saída do técnico Rogério Ceni. O Ceará ganhou a final por 2 a 1, gols de Pio e Felipe Azevedo para o Vozão. Adalberto fez o gol do Leão. O desconforto tricolor foi grande. Mas Marcelo Paz contornou a questão e manteve Ceni.  

Acerto 

O que poderia ter gerado uma crise no Pici transformou-se num dos mais importantes acertos de Marcelo Paz. A permanência de Rogério Ceni resultou numa sequência interminável de vitórias e títulos. E fez do Fortaleza um time Série A, respeitado em todo o país. E mais: alcançou a Copa Libertadores da América. 

Sul-Americana 

Sob a presidência de Robinson de Castro, o Ceará chegou à Copa Sul-Americana. E, por isso mesmo, foi ele muito festejado na época. De certo modo, o Ceará se mostrava unido nos seus diversos segmentos. Também com Robinson de Castro o Ceará foi campeão da Copa do Nordeste. Então, havia, pelo menos de forma aparente, união e consenso em Porangabussu. 

Desarranjos 

Em 2022 tudo deu errado. A perda de títulos e péssimas contratações detonaram a administração de Robinson. E o rebaixamento escancarou o racha que havia na administração. Um novo processo se inaugura agora. Mas cabe uma advertência: se as forças não se unirem, os tormentos continuarão. Lembrem do que dizia o saudoso Eulino Oliveira: “O Ceará unido é praticamente imbatível”.