O Santos de Pelé parou uma guerra

Legenda: Pelé estreou no Santos com 15 anos
Foto: José Dias Herrera / Santos FC

Estou assombrado com a guerra. Nada justifica a estupidez dos ataques russos contra a Ucrânia. Diz a lenda que em 1969, na cidade de Benin City, o Santos, de Pelé, parou por um dia uma guerra na Nigéria. A guerra civil tinha por motivo a separação da Biafra, que se declarara independente. Consta que houve um cessar-fogo para tornar possível a apresentação do Rei Pelé e companhia. Os jogadores Lima e Edu afirmaram que foi verdade. O único jornalista que acompanhava a delegação, Gilberto Castor Marques, registrou no jornal Tribuna que foi decretado feriado local pela presença do Santos. Não fez alusão à paralisação da guerra por um dia. Cinquenta anos depois, o antropólogo e professor da PUC-SP, José Paulo Florenzano, na sua tese de doutorado, revelou outra versão. Segundo ele, não houve tal episódio. E mais: o Santos teria sido usado como peça de propaganda da Nigéria contra Biafra. Já o historiador do Santos, Guilherme Guarche, registrou que o conflito foi mesmo suspenso para a apresentação do Santos, vencedor do jogo por 2 a 1. Após o embarque do Santos, a guerra foi retomada. Se o Santos de Pelé desembarcasse hoje em Kiev, os russos fuzilariam o time com Pelé e tudo.  

 

Pingue-pongue 

 

Em 1971, no auge da Guerra Fria, uma equipe de tênis de mesa dos Estados Unidos foi convidada para apresentações em Pequim, na China. Aconteceu então a primeira visita de uma delegação norte-americana desde a conversão da China ao comunismo em 1949. A diplomacia do pingue-pongue abriu caminho para a histórica visita do presidente Richard Nixon ao líder chinês Mao Tsé-Tung.  

 

Laços 

 

A diplomacia do pingue-pongue reabriu o diálogo entre Washington e Pequim, permitindo a retomada das relações entre os dois países. Mais uma vez, quem pavimentou o caminho para um novo momento de harmonia entre as duas nações foi o esporte. A partir daí, a China também se abriu mais para o mundo, saindo do regime hermético de então. 

 

Nazismo 

 

O esporte também desmoralizou líderes demoníacos. Um deles: Adolf Hitler. Na Olimpíada de 1936, em Berlim, ele queria mostrar a supremacia ariana sobre todas as raças. Aí, o atleta negro americano, Jesse Owens, ganhou quatro medalhas de ouro (100m rasos, 200m rasos, revezamento 4 x 100m e salto em distância). Hoje, Jesse Owens é nome de rua e de uma escola em Berlim. 

 

Fora 

 

A Rússia está fora da Copa do Mundo do Catar por decisão da Fifa. Medida acertada. Como seria receber entre os países competidores uma Rússia que desrespeita a soberania das nações, que pisa na autodeterminação dos povos e massacra impiedosamente um país vizinho. Como tremular numa confraternização universal a bandeira de um país que desrespeitou o apelo mundial pela paz?  



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