Lição dada pelo menino da Barra do Ceará

O atacante cearense Caio Vidal mostrou como se faz. E fez. E pôs o Internacional em vantagem (0 x 1). Abriu o caminho para a vitória que ficou em 2 a 0, sendo o segundo gol assinalado por Yuri Alberto. O Inter fez o que o Ceará teve tudo para fazer, mas desperdiçou. Na fase inicial, o Ceará foi melhor. Articulou as ações e criou oportunidades. Cleber serviu Vina, que desperdiçou. Cleber serviu Charles, que desperdiçou. Fernando Sobral desperdiçou. Não se desperdiça tanto assim sem pagar um alto preço no final. O Ceará pagou. No segundo tempo o Ceará, como de praxe, não consegue manter o mesmo ritmo. O Inter se impôs com inteligência. Montou contra-ataques rápidos e letais. Por aí o menino da Barra do Ceará, Caio, simples e humilde, ungido por Abel, fez o gol que prometera à sua mãe. Bom filho abençoado. Depois Yuri fechou o placar. O Ceará, apesar das mudanças com as entradas de Lima, Pedro, Saulo e Wescley não mais incomodou. Pelo contrário, esbarrou sempre na sólida marcação colorada. O Inter chegou à quinta vitória consecutiva e deu o recado: entrou na briga pelo título. Quanto ao Ceará, se não conseguir equilibrar os dois tempos, vai ter problemas.

Tudo outra vez
O Fortaleza começa. Recomeça. Nem sei mais. Luta contra o tempo. Sem tempo. Urgente. Vem Enderson Moreira, bom treinador. Terá de ser um Lisca na motivação, um Ceni na liderança e um milagreiro quando necessário. Despertar, sacudir, mexer. Se assim não for, correrá risco.

Passagem
Chamusca errou quando trocou o Cuiabá pelo Fortaleza. Erro de avaliação e de percepção. Estava numa boa lá. Vinha substituir um Mito. Seria comparado. Iam cobrar algo semelhante a Ceni. Só isso já seria desvantagem. Chamusca errou como Ceni errou quando foi para o Cruzeiro. A vida é assim.

Missão
Dá ainda para segurar o Fortaleza na Série A? No sufoco, no sofrimento, mas dá. O Leão ainda joga com dois clubes que estão nos seus calcanhares: o Vasco e o Bahia. Enderson terá de descobrir o que está travando o Leão. O motivo que transformou em perdedor um time bom e ganhador.

Uma coisa é pegar um time em ascensão. Outra coisa é pegar um time com sérios sinais de desgaste. Rogério Ceni sentiu que o ciclo se fechara. Ao ganhar o título estadual fez um sutil aceno de despedida. Sua era no Leão chegara ao fim.

No Flamengo, Ceni sente também a pressão. Terá cometido novo erro de avaliação? Acho que não. Consciente, resolveu assumir desafio maior. Agora, no Pici, desafio maior é o que terá Enderson Moreira. Boa sorte.