Futebol de times sem treinador

Confira a Coluna do Tom Barros deste sábado (11)

Legenda: Dorival Júnior fazia bom trabalho no Ceará quando recebeu proposta do Flamengo
Foto: THIAGO GADELHA

A jornalista Daniela de Lavor assume que não entende nada de futebol. Quando, no programa, ela soube que o técnico do Ceará tinha ido embora para o Flamengo, perguntou se não poderia haver times sem treinador, dirigidos pelos próprios jogadores, através de um líder escolhido democraticamente pelo grupo. De pronto, o comentarista Wilton Bezerra, que participava do programa, disse ser impossível porque tudo se transformaria num amontoado de atletas, correndo atrás da bola.

Bom, pelo sim, pelo não, se você colocar um bando de crianças em campo, dando a elas uma bola, todas correrão atrás da bola. Não haverá modelo tático. Wilton diz que nos tempos remotos, da iniciação do futebol, cada atleta tinha um treinador. Então seriam onze treinadores à beira do gramado, cada um orientando seu pupilo. Já imaginaram que confusão?

Com o passar dos tempos, a disciplina exigiu um comando. Foi aí que se estabeleceu a figura do treinador como agora conhecemos. Um senhor que ganhou prestígio, mas não raro é chamado de burro. Não sei o motivo da comparação. Bom, um burro, mas cheio da grana. Sim, mas seria possível hoje em dia a existência de times sem treinador? 

 

Experiência 

 

Pode se habilitar quem quiser adotar a ideia da Daniella de Lavor. É de graça. A Daniela não cobra um tostão ou uma pataca. Liberou a patente. Não vejo motivo para luto ou festa com a saída de um treinador. Dorival Júnior é um bom treinador. Rei morto, rei posto. É assim que funciona a coisa. Mais alguns dias e ninguém nem lembrará o nome de Dorival. 

 

Nomes 

 

Rogério Ceni tornou-se o maior treinador da história do Fortaleza. Muitos imaginavam que o Fortaleza não sobreviveria sem ele. As viúvas de Ceni, verdadeiras carpideiras, choravam quando ele foi para o Flamengo. Pouco tempo depois, com o sucesso de Juan Pablo Vojvoda, Ceni naturalmente virou coisa do passado. Passou. 

 

Independente 

 

Com Dorival ou sem Dorival, o Ceará sempre esteve maior que qualquer treinador. O time tem respiração própria, não depende dos pulmões de terceiros para viver e seguir. Se o soldado Dimas Filgueiras ainda tivesse condições, assumiria o comando do Ceará e faria melhor que Dorival. Nessas horas sinto falta do Dimas, grande soldado alvinegro. 

 

Passaram 

 

Lembro de muitos treinadores que fizeram sucesso. Uns, no plano local; outros no plano nacional. Cito, por exemplo, Dengoso, César Morais (o Guri), Gilvan Dias, Lucídio Pontes, Jombrega, Vicente Feola, Vicente trajano, Dorival Knipel (conhecido como Yustrich), Cláudio Coutinho, Telê Santana, Durval Cunha, Flávio Costa....