Estas coisas inexplicáveis do futebol

Há cerca de dois meses, treinador Guto Ferreira era festejado por todos; hoje, após alguns resultados negativos, comandante do Ceará vê o seu trabalho questionado

Legenda: A alegria do técnico Guto Ferreira ao comemorar as vitórias do Ceará deu lugar a um semblante de preocupação por causa dos últimos resultados
Foto: Kid Júnior

As glórias são passageiras. As glórias dos treinadores de futebol são mais passageiras ainda. O que leva um ser humano a optar pela função de treinador de futebol? Não sei. Honestamente, não sei. Depende sempre de terceiros. Entrega todo seu esforço nos pés de seus comandados. Se estes erram, ele, o treinador, é quem paga. Ontem prestei muita atenção no olhar do Guto Ferreira. Pouco a pouco o brilho se esvai. A cada tropeço, o semblante dele se contrai. Distante o Guto sorridente, simpático, esperançoso, confiante, aplaudido, cortejado, vitorioso. Como, em tão pouco tempo, tudo mudou? Por que mudou, se o elenco é praticamente o mesmo? Estas coisas inexplicáveis do futebol vão do céu ao inferno e do inferno ao céu com a rapidez de um relâmpago. O Guto, que eu vi loquaz, explicando vitórias, hoje é lacônico nas palavras e nos gestos. Passa a impressão de quem perdeu a liderança, mas busca reencontrá-la na próxima jornada. Por pura coincidência, o Bahia está no seu caminho. Logo o Bahia que foi motivo de tantas festas; logo o Bahia que foi motivo de tantos tormentos. Foi diante do Bahia que ele conquistou o Nordeste. Foi diante do Bahia que ele perdeu o Nordeste. Estas coisas inexplicáveis do futebol. 

Lisca saiu 

Exemplo atual das glórias passageiras está no pedido de demissão do técnico Lisca, que deixou o América de Minas Gerais. Não faz muito, festejado pela subida para a elite nacional. Agora, com sete jogos de jejum, não suportou o ambiente desfavorável. Lisca também viveu dias de glória no Ceará. Depois foi demitido. 

Gostei 

Não conheço o Vina pessoalmente. Falar sobre o jogador é fácil. Tem talento. Muito mesmo. Não por acaso formou na seleção do Brasileirão 2020. Já sobre o ser humano Vina, somente seus amigos mais próximos podem opinar. Mas vi muita humildade nele, quando da entrevista após o jogo em Chapecó. Reconheceu sua fase ruim. Admitiu o banco. Mas se disse em busca do ideal. 

Blindagem 

Hoje os contatos com os jogadores ficaram mais difíceis. Pior ainda com o imposto isolamento social. No meu tempo de repórter, na década de 1960, o profissional de comunicação, após os treinos, escolhia o atleta para a entrevista. Hoje a escolha é do clube. Ficou tudo muito formal. Foi uma maneira sutil que os clubes encontraram para blindar situações. É horrível.  

Silêncio 

Estou aguardando informações sobre quando o Estádio Presidente Vargas será devolvido aos desportistas cearenses. Há muito o hospital de campanha foi desativado. Há necessidade de significativos reparos para tornar outra vez o velho PV adequado às práticas esportivas. A restauração foi promessa do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio.  

 

 

 



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