Parece milagre, mas não é. Finalmente a grande decisão do Campeonato Cearense 2021 vai acontecer. E vai acontecer num domingo à tarde. E, para variar, com Fortaleza x Ceará. Depois de tantas paralisações, ora justificáveis, ora não, eis a data derradeira. As interrupções destruíram as equipes de menor porte. Mesmo assim, a competição avançou. Aos trancos e barrancos, superou tudo. Houve quem, com justificada razão, duvidasse de sua conclusão. A sobrevivência dos certames estaduais é fantástica. Dizem que os gatos têm sete vidas (não sei de onde vem essa história). O Campeonato Cearense tem muito mais. Vive de teimoso. Vive de esmola. Vive de favores. Vive por acaso. Vive se arrastando. Vive no desprezo. Vive na inanição. Vive de promessas... E, como gato, só cai de pé. Temo pelo futuro dos “estaduais”. Mesmo com tantas vidas, é notória a má vontade para com este tipo de disputa. Até os times grandes o tratam com desdém, pois, não raro, mandam formações reservas. Só na reta final, nasce o interesse. Por isso mesmo o clássico de amanhã será para valer. Lutam pelo título de um certame que, em certos momentos, eles mesmos menosprezaram. Que contradição!
Clássico
O Fortaleza vai com sua força máxima. Animado por resultados altamente positivos, o Leão entra com dupla vantagem: a de jogar pelo empate e a de não ter outra preocupação. O desafio do Ceará é bem mais complicado: tem de ganhar o jogo e ainda evitar o desgaste, pois na quinta-feira decide vaga na Sul-Americana. Nada fácil.
Imprevisível
Claro que em clássico não há favoritos. Imprevisível desfecho quando se trata de uma decisão assim. Há quem confunda vantagem com favoritismo. São coisas parecidas, mas distintas. Favorito é quando a qualidade técnica de uma equipe é bem superior à qualidade da equipe concorrente. Não é o caso. O padrão dos dois está nivelado.
Exemplo recente
Na decisão da Copa do Nordeste, entre Ceará e Bahia, o alvinegro tinha dupla vantagem: jogar pelo empate e atuar em casa no Castelão. Mas todo mundo sabia que o potencial dos dois times era equivalente. Não existia favorito. O jogo em Salvador tinha sido muito igual. Resultado: o Bahia desfez as vantagens e sagrou-se campeão.
História
Já vi fatos inacreditáveis em clássico. O Ceará com time inferior ser campeão. E também o Fortaleza com time inferior ser campeão. Finais dramáticas como a do tetra do Ceará em 1978, gol de Tiquinho, nos minutos finais. E o título do Fortaleza em 2015: aos 45’ do segundo tempo, com gol de Assisinho, campeão seria o Ceará; aos 47”, com gol histórico de Cassiano, campeão foi o Fortaleza.