Carência de livros sobre craques cearenses

Confira a coluna desta segunda-feira (6)

Legenda: O Gentilândia Atlético Clube foi campeão Cearense em 1956
Foto: Arquivo/Pedrinho Simões

 O Gentilândia foi campeão cearense de 1956. Eu estava com nove anos de idade. Não tinha ainda a noção das grandezas das coisas. Meu pai, senhor Victor, falava no Maracanã, o maior estádio do mundo. Eu só imaginava como deveria ser. As poucas fotos que via do Maracanã estavam nas páginas da revista “O Cruzeiro”, dos Diários Associados. Para mim, o PV era o maior do mundo. Foi no PV que eu vi os primeiros jogos de futebol. Havia um jogador baiano, chamado Pipiu, que foi ídolo. Brilhou no Fortaleza, no Ceará e na Seleção Cearense, campeã do Norte em 1954. Quando o conheci, ele já era veterano, em fim de carreira, mas fazia a diferença. Foi dele o gol do título do Gentilândia em 1956, quando da vitória sobre o Ceará.

Há uma carência de livros sobre craques que atuaram no futebol cearense. Pipiu, por sua importância para o nosso futebol, merecia ter sua história contada. Após encerrar a carreira, trabalhou como sapateiro. Experimentou sérias dificuldades financeiras. Bebia muito. Pipiu deixou um legado de futebol de alta qualidade. Mas, mesmo tendo sido um dos notáveis jogadores do futebol cearense nas décadas de 1940 e 1950, não soube fazer seu pé-de-meia. Lamentável.  

  

Campeão do Norte  

  

Em 1954, a Seleção Cearense ganhou o título de campeã do Norte. O atacante Pipiu foi um dos destaques da decisão que aconteceu em Belém diante da Seleção Paraense. O jogo começou num domingo, mas foi paralisado em razão de um forte temporal. Prosseguiu na segunda-feira, pela manhã. A Seleção Cearense venceu por 2 a 0, dois gols de Pipiu, que teve notável atuação.  

  

Herdeiro  

  

Anos depois, Raimundo Pipiu, filho do Pipiu, atuou pelo Ceará. Teve, porém, uma passagem discreta. Era bom atacante, mas não tinha as qualidades excepcionais que o pai dele tinha. Tive a oportunidade de conversar algumas vezes com Raimundo Pipiu. Um rapaz simples, muito educado. Depois perdi o contato com ele. Nunca mais o vi.  

  

Nome  

  

O nome de Pipiu era Elpídio Ciríaco da Silva. Se vivo fosse, teria completado 100 anos no dia 22 de novembro de 2022. Sua carreira começou no Bahia em 1944, onde atuou também em 1945 e 1946. Em 1947 foi contratado pelo Fortaleza. De 1950 a 1953 jogou no Ceará. Em 1956, como titular do Gentilândia, sagrou-se campeão cearense pela terceira vez.  

  

Títulos  

  

Pipiu foi bicampeão baiano pelo Bahia em 1944 e 1945. Campeão cearense pelo Fortaleza em 1949. Campeão cearense pelo Ceará em 1951. Campeão cearense pelo Gentilândia em 1956. Pela Seleção Cearense, campeão do Norte em 1954. Ele tinha muita habilidade com a bola. Sua altura: 1,65m.   

  

Conclusão  

  

Há poucos livros sobre a vida dos craques que atuaram no futebol cearense. Que eu lembre há apenas o livro “Mozart - Uma Trajetória Inquieta no Futebol”, escrito pelo desportista Saraiva Júnior, e o “Almanaque Fernando Sátiro - Epopeia de um Craque Alencarino”, obra do escritor José Renato Sátiro Santiago Jr.