A pandemia e os eventos esportivos

No meio da maior crise sanitária de sua história, o Brasil resolveu realizar aqui a Copa América, que tinha sido rejeitada pela Argentina e pela Colômbia

Legenda: A seleção brasileira é a atual campeã da Copa América, que será dispiuada no Brasil
Foto: Lucas Figueiredo / CBF

O mundo ainda vive os dias tenebrosos de uma doença devastadora. O esporte foi bastante afetado no ano passado. A Olimpíada de Tóquio, que seria de 24 de julho a 9 de agosto de 2020, foi suspensa, pois o Japão vivia também o pânico da contaminação pelo Covid-19. Foi transferida para 2021. Agora chegou o momento. O COI confirmou a realização do evento de 23 de julho a 8 de agosto. Serão 11 mil atletas de 205 países em busca dos recordes e medalhas. Apesar da importância do encontro, o Japão impôs uma série de restrições. A opinião pública japonesa também se dividiu. Enfim, medos e incertezas em toda parte. Já o Brasil, no meio da maior crise sanitária de sua história, resolveu realizar aqui a Copa América, que tinha sido rejeitada pela Argentina e pela Colômbia. Essa competição, se comparada a uma Olimpíada, é bem menos significativa. Estarão aqui nove países (Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela). Os promotores garantem que os rígidos controles darão total garantia de saúde, sem o mínimo risco de contaminação. Posicionei-me contra a vinda da Copa América. Exponho os motivos nos tópicos seguintes. 

Controle 

Não discuto os rígidos critérios de controle sanitário, que darão aos participantes da Copa América e aos demais circunstantes a garantia de não contaminação. Acredito possível tal cerco, pois tem sido assim nas demais competições internacionais, onde as delegações ficam confinadas nos hotéis.  

Funeral 

Amigos, o cenário no Brasil não comporta outras atenções. O Brasil é um país em funeral. Os hospitais na capacidade máxima, sob risco de colapso. Luto e lágrimas de famílias despedaçadas pela perda de entes queridos. Correto é admitir apenas eventos que sejam de absoluta devoção à luta contra a doença. Nada mais. 

Atenção única 

Respeito os que assumem postura favorável à realização da Copa América no Brasil. Mas, por mais que digam que uma coisa nada tem a ver com a outra, na verdade há mudança de foco sim. Correto seria concentrar todas as ações tão somente  no combate à Covid-19. Qualquer outra ocupação divide as atenções e os interesses. É o caso da Copa América. 

Disputa política 

No Brasil, lamentavelmente, tudo agora virou disputa política. Há algum tempo, opinar sobre a realização da Copa América seria um ato  limitado às circunstâncias esportivas. Hoje, logo entendem como sendo contra ou a favor do governo. Essa cega polarização irrita porque decorrente de um patrulhamento, ora velado, ora ostensivo. Não há quem suporte.  

 

 

  

  



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