Há uma pergunta de difícil resposta: qual o percentual de influência do treinador no desempenho da equipe? Alguns acham que chega a 70%. Outros entendem que o percentual não chega a ser tão elevado assim. O assunto é subjetivo. Há que se levar em consideração a vontade do elenco. A afinidade tem tudo a ver. Exemplo recente: no Fortaleza, Rogério Ceni e o elenco fecharam questão. Os títulos aconteceram em sequência, resultado da união de todos. O mesmo vitorioso Rogério Ceni não conseguiu no Flamengo trazer para si o apoio de todo o grupo. Houve notórias divergências. Ceni caiu. Ceni não deixou de ser bom treinador. Continuou o mesmo. Entretanto, o grupo não fechou questão.
Lisca, quando salvou do rebaixamento o Ceará, fez algo inacreditável. O time estava na sepultura. Lisca ressuscitou o grupo. Foi ovacionado no Castelão. O mesmo Lisca, pouco tempo depois, foi demitido por divergências internas e resultados ruis. Inexplicável. É assim. Guto foi uma majestade que fez vitorioso um Ceará perdedor. Ganhou a Copa do Nordeste batendo em todo mundo dentro de Salvador. Agora saiu pelos resultados insatisfatórios. Então, qual a influência do treinador? A matéria é subjetiva mesmo.
Felipão foi o paizão da Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002. Voltou glorificado. Anos depois, no mesmo estilo paizão da Família Scolari, sucumbiu feio na Copa do Mundo no Brasil em 2014. Penou diante da Croácia na estreia, onde foi beneficiado pela arbitragem, e sofreu 7 a 1 da Alemanha, na maior humilhação do futebol brasileiro. O treinador era o mesmo. Aí?
O treinador pode mudar o rumo das coisas, mas dependerá de uma série de fatores. Vejam a metamorfose que Vojvoda promoveu no Fortaleza. Antes dele, com o mesmo grupo, Marcelo Chamusca e Enderson Moreira não conseguiram êxito. O argentino operou um milagre. O percentual de influência foi elevado. Como não há medidor para isso, cada um calcule a seu bel-prazer.
Há treinadores que estão num patamar de influência bem mais elevado. Conseguem fazer a diferença. Exemplo atual é Pep Guardiola. Impressionante o Barcelona do tic-tac. Por onde Guardiola passa, monta equipes vitoriosas. Mas vale um detalhe: sempre contou também com jogadores excepcionais. Faria o mesmo, dirigindo um grupo limitado tecnicamente?
Por tudo o que foi colocado aqui, entendo ser muito difícil estabelecer o percentual de importância dos treinadores. Vai variar sempre, de acordo com as circunstâncias do momento. Há que se levar em conta a qualidade do elenco. Se for ruim, não há treinador que dê jeito. Coloquem o Guardiola para dirigir o Ibis, teoricamente considerado o pior time do mundo?