Mãe Leoa e Mãe Coruja: como funciona essa holding?

Legenda: A psicóloga Inês Benevides de Castro com os seus 4 filhos: Lucas, João, Maria Inês e Vicentinho. Na visão de cada filho é uma mãe diferente.
Foto: Acervo pessoal

Quem tem uma mãe leoa é aconselhável não mexer com os filhos. Ela ruge! É carinhosa, mas, por outro lado, é controladora, dominadora, superprotetora. Quem tem “mãe coruja” tem uma aliada sempre, porque enxerga o melhor de seus filhos, sem imperfeição. É zelosa, preocupada e também protege os rebentos em todas as situações.   

Para cada filho nasce uma nova mãe. Cada dupla que se forma é um encontro inédito: a presença do filho na mãe e da mãe no filho. 

A mãe é testemunha constituinte da verdade do filho, já que ser visto pela mãe é ser reconhecido pelo que se é. É ela quem vai nomear as necessidades do bebê, dar sentido ao seu choro, captar os sinais do filho e o introduzi-lo no circuito da demanda, humanizando-o. Oferece seus braços como holding que sustenta, acolhe, afaga e ama. Contudo, ela não tem todas as respostas. Diante desse impossível, resta apenas, para cada uma, a possibilidade de se reinventar.  

A psicóloga Inês Benevides de Castro fez uma distinção dessas mães e contou a origem desses apelidos de forma bem interessante: “mãe coruja” é aquela que não vê imperfeição no filho. A expressão nasceu da fábula Monteiro Lobato, que conta que uma coruja, ao encontrar com uma águia, fala que se ela achar um ninho de passarinhos bem bonito, não os comesse, pois eram seus filhotes. A águia quando achou o ninho, comeu. A coruja, ao reclamar com a águia, ouviu dela que comeu, porque achou os filhotes feios.  

Já a “mãe leoa” é intensa na forma de cuidar, proteger, enfrentar e ensinar. Um lindo exemplo de “mãe leoa” foi a mãe de Moisés, que armou um plano e escondeu seu filho por três meses, colocou-o numa cestinha no rio e, depois, fez com que ele fosse achado pela filha do Faraó e ainda, ofereceu-se como ama de leite para amamentar o próprio filho.  

Concluiu ainda que: “em cada mãe habita uma coruja e uma leoa. É coruja quando existe um olhar que acolhe, racionaliza e reflete para o filho o que ele pode suportar, é continente para o conteúdo dele, é sábia para deixar que o filho seja frustrado e cresça em seu aparelho de pensar. Ao passo que é leoa, quando permite que após os cuidados de amparo e proteção, os filhos se autorizem a trilhar o próprio caminho e seguir suas escolhas.” 



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