Tapas & Beijos volta à TV em reprise com a responsabilidade de repetir sucesso de anos atrás

As histórias de Fátima e Sueli retornam em um cenário da pausa de produções, mas já empolgam os fãs da série que teve cinco temporadas

Legenda: Andréa e Fernanda interpretavam protagonistas cheias de personalidade e que tinham justamente nesse fato grande parte do humor
Foto: Estevam Avellar/Globo

Semana passada participei de uma coletiva virtual para conversar sobre Tapas & Beijos, série da Rede Globo que estreou em 2011 e foi finalizada em 2015. Sucesso na época, acredito ter visto na mesma um dos maiores motivos para dar risada nas noites de terça-feira, quando ainda era uma jovem entre o fim da adolescência e a vida adulta. Agora, em meio às mudanças na grande de atrações da emissora e a impossibilidade de gravações por conta da pandemia atual, a série volta a ser veiculada e o objetivo parece ser trazer um pouco da aura divertida de Fátima e Sueli, as duas protagonistas, para a televisão novamente.

Logo no início da conversa por videochamada, foi até possível ver uma brecha minúscula do clima do que deveriam ser as gravações naquela época. Enquanto os atores trocavam risadas e compartilhavam lembranças únicas, sobravam as perguntas parecidas na tentativa de explicar o que, afinal de contas, continha o segredo do sucesso de Tapas & Beijos. No geral, não foi difícil enxergar na cumplicidade do elenco e diretores os motivos para terem entregue uma produção tão memorável. No início com a tarefa de substituir anos de fidelidade à Grande Família, eles próprios parecem ter várias teorias para entender como o público se conectou à trama e tem carinho especial até hoje.

Como o programa ainda não foi ar, o que está marcado para acontecer na noite desta terça -não poderia ser outro dia, não é mesmo?-, a coluna desta semana tem o intuito de relembrar os pontos altos da série, que passou o total de cinco anos no ar. Dos relacionamentos das protagonistas aos personagens coadjuvantes, tudo parece ainda estar fresco na memória tanto de quem acompanhava como de quem fez parte da atração.

Não existe maneira de falar da história sem citar o carisma de Andréa Beltrão e Fernanda Torres. Basta, inclusive, recordar até mesmo os episódios mais simples para atestar a capacidade de ambas para o humor em cena e disso não há a menor dúvida. Compartilhando juntas o protagonismo da série, elas incorporaram as personagens de forma tão única que, até hoje, é possível elencar um ou vários dos trejeitos de Fátima e Sueli. Entre 2011 e 2015, eu mesma tinha uma relação estabelecida com a televisão de poucos programas pelos quais valia a pena "perder tempo". Talvez por isso, lembre bem da quantidade de diversão ao acompanhar a vivência das duas em tela. 

Legenda: Outro ponto alto da série, os casais que formavam pares com as protagonistas exibiam uma dinâmica única, cheia de erros na história, mas cheia de acertos no objetivo de divertir
Foto: Estevam Avellar/Globo

Outro ponto a se destacar é a solidez dos personagens que cercam as protagonistas. Os pares "românticos", por exemplo, destacavam o roteiro montado para a série. Enquanto se construía a história de duas mulheres independentes e com uma lista de fracassos no amor, era por meio dos interesses amorosos das duas, personificados em Armane (Vladimir Brichta) e Jorge (Fábio Assunção), que deixavam claro os reais motivos para as relações seguirem dando errado. No geral, eram os momentos de embate, nos quais os tapas e os beijos não faltavam, onde estava uma das maiores graças da série: rir ao ver tudo sair fora do planejado por elas.

Para destacar mais um dos pontos que podem ter sido os responsáveis pelo resultado da série, chega a ser quase impossível não falar da ambientação. Copacabana ali ganhou uma vida diferente, apesar de ser retratada por meio do cenário montado. Os próprios atores reconhecem isso. A ideia, que foi dada por Beltrão, surtiu o efeito de ter uma forma de situar a rotina dos rostos de Tapas & Beijos. Ali naquela rua, entre aquele trânsito intenso do Rio de Janeiro, todos eles viviam de forma desasjustada, quase como se o ambiente ao redor refletisse nas relações dos mesmos. 

No fim, tudo convergia simplesmente para o intuito de fazer o espectador gargalhar. "A gente tinha muito prazer e fazia uma coisa que o público gostava e então isso era tudo muito legal para nós", disse Brichta durante a entrevista coletiva para divulgar a reestreia. Os outros colegas falaram da representatividade feminina da série -fator importante para o desenvolvimento da história durante os cinco anos no ar-, falaram da importância de Flávio Migliaccio no elenco e citaram até mesmo a construção amigável do ambiente dos bastidores. Ainda assim, todos convergiram para a tese de que o roteiro coerente e a entrega do elenco foram pontos essenciais e deverão ser vistos até mesmo agora, cinco anos depois.