Balanço da AES Brasil, que fará H2V no Pecém, mostra finanças fortes
No quarto trimestre de 2022, a empresa teve Ebitda de R$ 359,9 milhões – um aumento de 77% em relação ao mesmo período em 2021. No acumulado do ano, o Ebitda foi de R$ 1,2 bilhão.
Com pré-contrato assinado com o Complexo do Pecém para prudzir Hidrogênio Verde, a AES Brasil, empresa de energia 100% renovável, encerrou o ano de 2022 com a materialização de sua estratégia de crescimento contínuo, apresentando, no quarto trimestre, um Ebitda de R$ 359,9 milhões – aumento de 77% em relação ao mesmo período em 2021.
No acumulado do ano, o Ebitda foi de R$ 1,2 bilhão, 37% maior do que o do ano anterior. A AES conta, ainda, com mais R$ 850 milhões de Ebtida estimado já contratado para os próximos anos, considerando a entrada dos projetos em construção e a consolidação da aquisição concluída em novembro de 2022 (os Complexos Eólicos Ventos de Araripe, Caetés e Cassino).
Para Complexo do Pecém, UTEs a carvão usarão H2V a partir de 2028
Falando ontem a um grupo de industriais e agropecuaristas, o presidente e diretores da CIPP S/A disseram que este é o plano, por exemplo, da UTE Pecém I, da EDP, que já produz Hidrogênio Verde
Durante duas horas, o presidente da Companha de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (VCIPP S/A), Hugo Figueiredo, e toda a sua diretoria reuniram-se ontem com empresários da indústria e da agropecuária, aos quais deram notícias de como a empresa está sendo preparada para atender às demandas das empresas que já estão chegando para produzir Hidrogênio Verde na ZPE-Ceará e gerar energia eólica offshore no litoral Norte do estado.
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Mas a agenda da reunião foi mais ampla, envolvendo até queixas de alguns exportadores, que ouviram do comando da empresa a seguinte pacífica e estimulante mensagem: “Estamos aqui para melhorar a produtividade dos senhores”, como disse Hugo Figueiredo.
O auditório ouviu com atenção a exposição que ele fez acerca do CIPP e do seu planejamento de médio e longo prazos. Durante sua fala, Hugo Figueiredo revelou:
Primeiro: Até 2028, as usinas termelétricas (UTEs), movidas a carvão mineral, instaladas e em operação no Pecém, terão encerrado seus contratos de geração celebrados com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2008, essas usinas termelétricas, muito provavelmente, já terão substituído – ou estarão em processo de substituição – o combustível de origem fóssil, como o carvão, por uma fonte limpa de energia, como o Hidrogênio Verde. A UTE Pecém I, da EDP Brasil, já começou a fazê-lo: o Hidrogênio Verde que ela produz, por meio de eletrólise, em sua unidade piloto do Pecém é utilizado no processo de resfriamento de sua usina de energia movida a carvão mineral. A EDP Brasil já anunciou que essa UTE será, nos próximos cinco anos, ou menos, movida totalmente a H2V;
Segundo: O plano estratégico da CIPP S/A está pronto e o início de sua execução dependerá das necessidades das empresas-clientes. Por exemplo: o Consórcio Portocém, que construirá uma UTE movida a gás natural na ZPE do Pecém, disporá de uma estrutura flutuante a ser localizada na área protegida do porto e na qual atracará seu navio regaseificador. A ampliação do atual TMUT (Terminal de Múltiplo Uso) está no planejamento, mas será executado quando a demanda for apresentada pelas empresas interessadas.
Terceiro: A empresa suíça Fracht Logística, que comprou a CTI – uma gigante da área de armazenamento – já informou a CIPP S/A que implantará um grande projeto de armazenagem, para o que precisará, na primeira fase, de seis hectares. A empresa construirá uma câmara de armazenagem frigorífica que abrigará diferentes tipos de carga.
Quarto: Na estrutura administrativa da CIPP S/A foi criada a Diretoria de Gestão e Projetos e uma Superintendência de Acompanhamento e Inovação. Afinal – explicaram os diretores da empresa – tudo avança muito rapidamente, principalmente os processos de gestão e as tecnologias em todas as áreas de interesse do Complexo do Pecém e dos seus clientes.
Quinto: O início de operação das primeiras empresas que já celebraram pré-contrato com a CIPP S/A para a produção de Hidrogênio Verde no Pecém está assim definido: Casa dos Ventos em 2026; EDP Brasil em 2027; Fortescue em 2028; AES Brasil em 2029. Mas a Fortescue está acenando com a antecipação do início de suas operações, que poderá acontecer também 2026, coincidindo com a operação da unidade industrial da Casa dos Ventos.
Sexto: Os processos de liberação das cargas das empresas exportadoras do agronegócio estão sendo feitos quase 100% pelo meio digital no porto do Pecém. Neste sentido, a Superintendência Estadual do Ministério da Agricultura agilizou seus procedimentos, reduzindo bastante o tempo da burocracia, e tudo isto tem contribuído para a aceleração dos embarques.
Quase no fim da reunião, dois exportadores questionaram o presidente e os diretores da CIPP S/A sobre as taxas cobradas pelo Porto do Pecém, que eles consideraram muito altas. Um deles chegou a dizer que transferiu suas cargas de exportação para o Porto do Mucuripe.
Os resultados ajudam a pavimentar o caminho para este exercício de 2023, somados à conclusão da construção dos Complexos Eólicos Cajuína (RN) e Tucano (BA), que serão 100% operados por mulheres. Ambas as obras refletem o foco nos investimentos em diversificação de portfólio e crescimento em renováveis nos últimos anos.
Entre os resultados de 2022, a AES Brasil destaca a conclusão da aquisição de 456 MW em capacidade eólica operacional e sua atuação no mercado varejista de energia elétrica, tendo fechado contratos com 87 clientes desde a sua criação, em 2019, totalizando 44 MWm comercializados.
Outro destaque foi a assinatura do pré-contrato com o Porto de Pecém (CE), visando o avanço nos estudos de viabilidade para produção de até 2 GW de hidrogênio verde.
Os investimentos da AES Brasil no 4T22 totalizaram R$ 618,1 milhões e, ao longo de 2022, somaram R$ 2,2 bilhões, principalmente devido à construção dos Complexos Eólicos Tucano e Cajuína, assim como à modernização dos ativos hídricos e à estratégia de turnaround dos parques eólicos adquiridos.
A empresa tem planos de investir R$ 3,1 bilhões de 2023 a 2027, com foco na expansão de projetos já contratados e com planos de construção definidos, desenvolvimento do pipeline e modernização e manutenção dos ativos em operação.
Em relação à evolução das obras, em Tucano mais de 95% da construção já estão concluídosa, com 24 dos 52 aerogeradores em operação. A expectativa é que o Complexo esteja totalmente operacional neste primeiro semestre.
Já em Cajuína Fase 1, as obras apresentam uma evolução de 78%, com 21 dos 55 aerogeradores montados. A Fase 2 alcaçou mais de 18% dos marcos de construção e a expectativa é que o Complexo inicie suas operações ainda neste ano.
“Dobramos nosso tamanho nos últimos cinco anos, com uma estratégia baseada em diversificação de portfólio e 100% em fontes renováveis. Nossa estratégia tem-se provado acertada e começamos a perceber o valor através da materialização nos nossos resultados financeiros. Seguiremos firmes nessa trajetória”, diz Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil.
Ela ressalta a visão de futuro da companhia. “É importante olharmos também para as oportunidades do futuro, com foco em linhas de negócio relevantes sob o ponto de vista financeiro, como é o caso do varejo, que irá crescer de forma exponencial nos próximos anos. É um cenário para o qual a AES Brasil está preparada e muito bem-posicionada, com uma estratégia voltada à digitalização dos projetos e presença regional das equipes de vendas", completa.
A receita operacional líquida da AES Brasil no ano de 2022 foi de R$ 2,8 bilhões, aumento de 13% em relação ao ano anterior, enquanto a margem operacional líquida acumulada totalizou R$ 1,7 bilhão, com aumento de 35% em relação à margem líquida ajustada de 2021, refletindo a melhora nos resultados em todos os segmentos de atuação.
Outro destaque é o resultado financeiro que, em 2022, apresentou melhor desempenho em função da estratégia de alocação dos recursos disponíveis para aplicação e do maior saldo de caixa no período. A AES Brasil encerrou 2022 com um caixa consolidado de R$ 4,3 bilhões destinados, principalmente, aos investimentos previstos para 2023.
Por fim, o lucro líquido de 2022 chegou a R$ 320,1 milhões, crescimento de R$ 359 milhões em comparação ao prejuízo ajustado pelos fatores não recorrentes de 2021.