A alienação parental é qualquer ação, que visa destruir a imagem e percepção da criança ou adolescente em relação a um dos seus pais. Frases como “seu pai não presta, ele não está nem aí para você” ou “sua mãe é uma preguiçosa e não sabe cuidar de você”, são expressões que, infelizmente, algumas crianças escutam em um divórcio conflituoso ou mesmo em relações conturbadas.
Essa prática é uma forma de violência psicológica que pode, a depender do caso concreto, ser considerada como crime de maus-tratos, gerando sanções perante a lei, podendo levar a prisão ou indenização a quem for prejudicado. A alienação parental fere com o direito fundamental das crianças e adolescentes em ter uma relação familiar saudável. Essa violência pode trazer não só distanciamentos afetivos como sérios problemas psicológicos e emocionais que pode se estender até a vida adulta.
É importante entendermos que, principalmente, na primeira infância, a criança tem seus pais como fonte de confiança e principal referência de amor. Então, quando acontece a desconstrução dos pais através da alienação, a criança passa por uma espécie de luto. É a morte da imagem da mãe ou do pai que ela tinha, que através das críticas vai se transformando em algo distorcido e doloroso.
Como a capacidade cognitiva da criança ainda está em construção, ela não tem habilidade de digerir, absorver ou fazer seus próprios julgamentos. Nessas situações de pressão, passam a pensar “não posso amar meu pai ou minha mãe, porque estou sempre magoando um dos dois”. O filho acaba tomando as dores do adulto. E, muitas vezes, não se permite ficar feliz ao lado do papai ou da mamãe, porque acha que o outro ficará chateado.
Todo esse momento gera sofrimento intenso. O pequeno passa a sentir muita angústia, insegurança, tristeza, medo, desamparo. A criança se sente sozinha, pois sua base estrutural está sendo destruída. Por essa razão, surgem conflitos internos acompanhados de mudanças comportamentais, pode cair o rendimento escolar, aparecer comportamento de agressividade, hostilidade, culpa, ansiedade e até depressão.
As consequências também podem afetar as relações interpessoais no futuro. O adulto que foi pressionado a rejeitar um dos pais por consequência da alienação parental, fica com um grande vazio, uma falta, pois durante sua história, verdades e mentiras se confundem. As marcas psicológicas ficam eternizadas.
Portanto, por mais que a separação esteja conflituosa entre o casal, os pais precisam, em primeiro lugar, pensar nas crianças. Devem trabalhar juntos para resguardar o vínculo afetivo e evitar a alienação parental. Apesar do rompimento do casal, os pais nunca devem se separar dos filhos, e jamais devem utilizá-los para afetar ou atingir o outro. Os adultos são os responsáveis pela vida emocional da criança. Então, devemos preservar a saúde psíquica dos pequenos.
Finalizo com uma dica para os pais que estão nesse processo de separação. Se sentirem necessidade de falar mal do ex-companheiro(a), procure um lugar longe das crianças para fazer isso. Fale com outras pessoas, um amigo, outro familiar, um psicólogo. Mas proteja a criança. Evite mais dor e sofrimento. Dessa forma você estará ajudando e respeitando seu filho (a).
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora
Este conteúdo é útil para você?