Em 15 de agosto, a cidade de Fortaleza festeja Nossa Senhora da Assunção. Passados séculos, nossa sociedade mantém a tradição católica e portuguesa de consagrar os lugares às santidades. Historicamente, esse é um padrão dos colonizadores, ou seja, produzir toponímias tendo como homenageados os Santos de devoção. Assim aconteceu quando no século XVII os lusitanos rebatizaram o pequeno forte, antes holandês, e homenagearam a mãe de Jesus.

Pois, é. Nossa Senhora da Assunção é um entre dezenas de títulos atribuídos a Maria de Nazaré, mãe do “Homem-Deus”, nascido em Belém.

Os católicos destacam o papel intercessor da Mãe de Jesus junto a Deus. Para os devotos, ela é a maior compadecida da humanidade.

Pelos relatos bíblicos, nunca é tarde lembrar que Maria, muito obediente à vontade de Deus, concebeu e educou Jesus. Ela sofreu bastante ao ver seu único filho torturado, julgado injustamente, humilhado em espaço público e morto entre malfeitores.

Maria, como muitas mães da capital do Ceará, sofreu a maior das angústias da maternidade: ver seu filho ser assassinado.

Independentemente da religião professada, lembrar da experiência mariana é oportunidade para repensar Fortaleza, sobremaneira, voltar às atenções a todas as mães abatidas pela pobreza, pela responsabilidade de conduzir suas famílias e pela violência contra elas e seus filhos.

Da mesma forma que Maria e mãe, a palavra cidade é substantivo feminino. Fortaleza não é uma cidade comum, é metrópole, a “cidade-mãe”. Em síntese, Fortaleza é cidade-mãe e é consagrada a Nossa Senhora da Assunção. Isso não pode ser mera coincidência. É um alerta para a forma como devemos pensar a vida nesta urbe.

Fortaleza, assim como Maria, deve amar seus filhos, estar junto a eles nos momentos mais difíceis e jamais desprezar os que mais padecem das tragédias cotidianas.

Bom feriado!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

Alexandre Queiroz Pereira