Lockdown, uma teoria indutora do fracasso

Legenda: Ceará está em lockdown
Foto: AFP

Numa sociedade infestada de chacais e hienas, a família é uma jaula muito mal defendida!

Pela enésima vez, o Governo do Ceará prorrogou o confinamento da sociedade, prometendo que, a partir do dia 11 de abril, a iniciativa privada poderá, enfim, retomar gradualmente as suas atividades produtivas no Estado.

A promessa, embora tardia, encheu de esperanças uma sociedade entristecida, acabrunhada, empobrecida, trancada por dentro e incapaz de se autodeterminar diante da gravíssima crise econômica imposta por gestores estaduais e municipais insensíveis ao dilema social que se arrasta há 14 meses consecutivos.

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É fato que a sociedade não pode continuar esperando indefinidamente que as autoridades entendam que o isolamento social (eufemismo envergonhado de lockdown, lacração, restrição de liberdades ou proibição de mobilidade das famílias) não desafoga o sistema de saúde; não reduz os níveis de contágio virótico e nem mesmo evita o aumento exponencial nos números de óbitos pós vacinação em massa, como se constata de forma incontestável nas estatísticas oficiais.

Nesses tempos de disputas entre o Estado-Nação de direito e o Estado-regional totalitário, entre a supressão dos direitos e garantias individuais e a submissão coletiva ao autoritarismo de governos estaduais e municipais, o cidadão brasileiro continua oprimido entre uma pandemia virótica e uma epidemia ideológica sem fim.

Desde o princípio da pandemia, o “isolamento social rígido” vem sendo difundido pelos governos e prefeitos como uma solução amparada por fundamentos científicos para vencer a pandemia. Inclusive, vimos com frequência o Governador do Ceará referir-se a certo “comitê científico” durante os anúncios das suas decisões lacradoras.

A pergunta é: quem são os cientistas do comitê científico criado pelo Governador em 14 de março de 2020? Por que motivo os cientistas do comitê não recomendam o tratamento preventivo (precoce) ou inicial e satanizam a medição eficaz?

Ora, prevenção é uma ação ou efeito de prevenir um mal. Significa tomar a frente, antecipar. O antônimo de prevenção é descuido, negligência. Já o tratamento precoce é o tratamento antecipado para prevenir. O antônimo de precoce é tardio, vagaroso, demorado, lento. Portanto, negar a eficácia do tratamento preventivo e inicial é muito mais grave do que expropriar ou confiscar das farmácias a medicação eficaz que se conhece há décadas.

Infelizmente, a ingenuidade social, essa irmã adotiva da ignorância, também pode ser puro medo de repressão, mas, decorridos 420 dias de sofreguidão social perversa e insuportável, já era tempo de aprendermos que a realidade factual no enfrentamento da Covid é outra muito diferente, afinal, os repetidos fracassos dos diversos experimentos aplicados massivamente ao longo de 1 ano, provam cabalmente que a opção pelo “confinamento” é um equívoco retumbante, factual e incontestável. A prova está no número crescente de contaminados e óbitos.

Parece certo dizer que é um erro estúpido esperar que a vacinação em massa cuide da Covid para depois se permitir o retorno das atividades econômicas. Quem tem um mínimo de percepção das consequências devastadoras de uma crise com tal proporção, sabe que não há como recuperar o tempo perdido se não adotarmos dois protocolos ao mesmo tempo: prevenir com a vacina e fomentar o trabalho diuturnamente.

Vimos diversas autoridades sanitárias comparando essa pandemia com uma guerra. Sim, estamos em guerra, mas nenhuma Nação vence uma guerra se escondendo em casamatas. Guerra se vence avançando sobre o inimigo, enfrentando-o de frente, e, nesses enfrentamentos, muitos tombarão inevitavelmente nos campos de batalhas.

Tanto é verdade que há milhares de cientistas no mundo contestando a eficácia do lockdown, que, em última instância, é apenas uma teoria indutora do um fracasso ainda mais trágico ou, na melhor das hipóteses, um refúgio importante de ampliação do contágio na sua aplicação mais exata.

Após 14 meses em que estamos submetidos às inconsequências desses decretos inúteis e autoritários, vemos um país definhando por falta de produção; um número gigantesco de empresa quebradas; a máquina pública perdendo receitas de arrecadação e grande parte da sociedade sofrendo privações morais e materiais de toda ordem e, como resultado do desastre anunciado, restam 60 milhões de indivíduos sem perspectivas na vida e enfrentando gravíssimos problemas, sobretudo de subsistência das suas famílias.

Em tempos de crise o papel do Estado é proporcionar o bem-estar social e fomentar a prosperidade material da coletividade. Mas, com o surgimento da Covid, a sociedade passou a viver tempos estranhos de opressão, de cerceamento das liberdades, de obstrução dos direitos civis e, em sua maioria, vivendo na dependência econômica da Nação.

Felizmente, em abril de 2020 e novamente agora, o Governo Federal adotou medidas efetivas para mitigar os efeitos da doença na economia, criando o auxílio emergencial para acudir a população mais vulnerável, fomentando linhas de crédito para as empresas prejudicadas pela paralização das suas atividades.

Graças ao assistencialismo do Governo Federal, não temos notícias de pessoas famintas comendo animais de estimação ou mesmo praticando canibalismo como vimos na Rússia, Ucrânia, China e África nas épocas trágicas de escassez, miséria e fome.

Portanto, devemos apoiar todas as medidas protetivas, mas temos o dever de repudiar as medidas restritivas de liberdade, invocando os fundamentos democráticos previstos na Constituição Federal do Brasil, afinal, a democracia é um antídoto capaz de neutralizar o veneno do autoritarismo e da intolerância; antídoto capaz de frear a violência do Estado sobre as liberdades individuais; sobre a expropriação da propriedade privada do cidadão, sendo ela, a democracia, o melhor lubrificante para reduzir os atritos das engrenagens que sincronizam a divisão de poderes, enquanto inibe a força persecutória do Estado contra os Cidadãos.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.