Filme brasileiro estreia no YouTube pra dizer que “Tudo Bem”

Curta traz reflexões ligeiras sobre o período da quarentena

Legenda: A história de amor de Hugo e Dandara tem a pandemia como pano de fundo
Foto: Reprodução/Internet

Sequência de prints de filme/série é um negócio que gera expectativa na gente, não tem jeito. Essa modalidade, que faz as vezes de versão atualizada do trailer, está espalhada pela internet com o foco em trazer frames de diálogos incríveis para nos fazer acreditar que a história por detrás daquelas falas vale a pena.

Foram os recortes que encontrei numa página do Instagram, especializada neste tipo de divulgação de prints das mais diversas obras audiovisuais, que me fizeram buscar na plataforma ao lado o curta nacional “Tudo Bem”. O filme estreou na última terça (22) no YouTube e, com a ajuda das redes sociais, tem feito sucesso.

Legenda: Esse foi um dos primeiros "prints" que vi do filme, no Instagram.com/umfilmemedisse. O diálogo que acontece a partir daí me deixou curiosa para conhecer a história
Foto: Reprodução/Internet

De cara, o mais bacana, pra mim, é acompanhar algo feito nos moldes tradicionais (por não ser live nem exibição em plataforma de videochamada) durante a pandemia e falando sobre ela. Neste caso, as primeiras notícias sobre a Covid-19, as fases do isolamento e o uso da máscara, presentes na obra, trazem ao espectador a sensação de familiaridade em relação aos dias estranhos que correm do lado de cá, de fora da tela.

Ressalto isso porque tenho curtido muito acompanhar as produções que seguem formatos de grande mídia, com linhas mais formais, reproduzindo a pandemia. Foi a simultaneidade com o real que chamou a minha atenção, por exemplo, para as séries “Diário de Um Confinado” e  “Amor e Sorte” (desta eu ainda quero falar mais: cena dos próximos capítulos), também rodadas nos últimos meses, tendo o surto de novo coronavírus como mote.

Frame do filme
Legenda: O ator André Luiz Frambach interpreta o amigo de Hugo, Eduardo. As chamadas de vídeo, tão recorrentes durante a pandemia, são a forma de comunicação dos dois durante o isolamento
Foto: Reprodução/Internet

Voltemos ao “Tudo bem”. Protagonizada por Dandara (Heslaine Vieira) e Hugo (Daniel Rangel), a obra é levíssima em todos os aspectos. Da atuação fresh, com ares de Malhação - aquela coisa trivial e adolescente típica do folhetim global, aliás, é marcante na produção, em diversos aspectos - ao enredo, que faz alusão a questões como as perdas vividas neste tempo de Covid-19 e as crises trazidas pelo isolamento, mas sem se aprofundar muito. Tanto que, mesmo a trama tocando em uma das searas mais caras para mim (a relação avó-neto), passou longe de me arrancar alguma lágrima - e olha que me fazer chorar em filme não é lá muito difícil. 

A escolha pelo tom de frivolidade, no entanto, não compromete a proposta do curta. De forma pueril, a produção cumpre a missão de contar bem a história de dois jovens apaixonados, vivendo a quarentena e as implicações do isolamento. Os 17 minutos de duração, que já são um tempo bem restrito, passam muito rápido e dão conta do recado de forma dinâmica, sem que dê vontade de pular pra aba do lado, no computador ou celular. Ah! Vale dizer que a mensagem transmitida, para além do enredo, traz conforto aos corações mais feridos pelo isolamento.

Feito pra viralizar

“Tudo bem” é daqueles produtos culturais pensados para pautar a rede social. Isso se nota, por exemplo, a partir da existência de uma página no Instagram, que, desde o último dia 10, vem servindo para compartilhamento de assuntos relativos ao filme. Os créditos finais, acompanhados sempre dos “arrobas” dos profissionais, também deixam nítido o público que se pretende atingir.

Legenda: Também comuns em tempos pandêmicos, as lives aparecem no filme por meio da participação do comediante Pedro Ottoni
Foto: Reprodução/Internet

Tem dado certo. Com o lançamento amplamente divulgado nas redes, em menos de três dias de exibição, o curta já ultrapassou as 130 mil visualizações no YouTube. A repercussão tem acompanhado o ritmo acelerado e eu já deparei com várias e várias reproduções de cenas printadas do filme nos stories da vida. Muita gente que acompanho compartilhou, por exemplo, as falas de Dandara sobre angústias comuns a quem vive o isolamento forçado.

Parece que a tática de que eu comecei falando, de transformar alguns prints dos melhores diálogos de uma obra em uma espécie de trailer estático e instantâneo, ajudou. Em contrapartida, posso dizer que as primeiras imagens que encontrei do filme, justamente no Instagram, são o ápice da coisa. O coração da história exposto para chamar atenção pra trama. Não é como se houvesse muito a ser revelado a partir dali. Faz parte. Para quem não se chateia com spoiler, tudo bem.

Assista ao filme na íntegra: