Verdades e meias-verdades

Não se pode tomar o todo pela parte, nem a parte pelo todo. É semelhante àquela usual expressão: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Trazendo a afirmativa para a prática, não seria lícito dizer: todo político é ladrão. Todo padre é pedófilo. Toda Polícia não presta. E os exemplos seriam intermináveis. Mas o correto seria afirmar: na Polícia existem policiais desonestos; na Igreja, muitos padres e até bispos estão sendo acusados de pedofilia; na política, há políticos desonestos. 

Em nenhum desses cargos, se está a generalizar o todo pela parte, mas ao contrário, a parte é exceção ao todo. Assim, nem todo político é ladrão, nem todo padre é pedófilo, nem todo policial é desonesto. Dessa forma, não se há de culpar toda uma instituição, todo o exercício de um múnus público, baseado em ocorrências isoladas ou mesmo frequentes, envolvendo porções (ou bolsões) de integrantes de instituições públicas ou privadas, quando se excedem ou se omitem no cumprimento do seu dever. 

Para evitar essas recorrentes ações isoladas ou de grupos, em prejuízo da imagem e do conceito do todo, há de se implantar gestão eficiente e eficaz, punição dos infratores e cobrança das responsabilidades. Esta introdução se faz necessária, para melhor entendermos o episódio de uma patrulha do Exército, no Rio de Janeiro, ao metralhar com 80 tiros o automóvel de inocentes vítimas, confundidas na ocasião. 

Choveram manchetes contra a ação do "Exército", como se o Exército-instituição, integrante das Forças Armadas, fosse ele todo culpado por aquela tragédia. Trocou-se propositadamente a parte pelo todo, e o Exército foi apontado como o vilão da história. Cabe ao Exército tirar lições do episódio e punir o responsável ou responsáveis pela ordem de atirar em inocentes civis. 

A principal delas: Exército não é Polícia. Soldados não são policiais.


Assuntos Relacionados