"Minha cegueira não é nenhum problema pra mim", reflete Bosco

O músico pontuou as necessidades dele e de outros portadores de cegueira. Ele refuta o discurso habitual sobre "superação", que há em torno dos deficientes visuais

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br

O músico Bosco Farias já nasceu com catarata congênita. Ele lembra que, até os 12 anos de idade, ainda conseguia enxergar. "Dava pra fazer muita coisa. Jogava bola, conseguia ler o quadro dos professores. Mas todo mundo que tem essa doença (a catarata), desenvolve glaucoma congênito", observa.

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No fim da infância, o glaucoma começou a se manifestar e Bosco perdeu, gradativamente, a visão. Com 18 anos, já não tinha mais nenhuma percepção de claridade. O músico, no entanto, não deixou de enxergar sua condição por outro sentido.

"Quando alguém vem com aquela conversa de 'superação', pra mim não tem isso. A gente está vivendo, é algo que preciso carregar pelo resto da vida. Minha cegueira não é nenhum problema pra mim. O problema é a falta de compreensão das pessoas em perceber que a gente precisa de uma adaptação para fazer certas coisas", reflete Bosco.

Para ele, quem merece o reconhecimento pela "superação" é "quem sai de sua zona de conforto para ajudar alguém a realizar suas atividades. A gente pode muito, desde que as pessoas, que estejam ao redor, percebam o que precisamos", sugere.

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