Como prolongar a vida útil da bateria do celular: especialista tira dúvidas
Especialista explica os princípios que prolongam a vida útil das baterias de íon-lítio e como otimizar o desempenho do celular
Com o uso cada vez mais intenso dos smartphones — seja para o trabalho, estudos ou lazer —, a durabilidade da bateria se tornou uma das maiores preocupações dos usuários. Afinal, ninguém quer ver o celular “morrer” no meio do dia. Mas, afinal, o que realmente ajuda ou prejudica a vida útil da bateria?
Para responder a essas dúvidas, o Diário do Nordeste conversou com o engenheiro eletricista Jorge Watts, professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE). Especialista em sistemas elétricos, ele esclarece os principais mitos e compartilha dicas valiosas sobre como cuidar melhor do seu aparelho.
Mantenha a carga entre 20% e 80%
Segundo o professor, o primeiro passo para preservar a saúde da bateria é evitar extremos.
“Tanto descarregar completamente o celular quanto mantê-lo sempre em 100% são hábitos que desgastam a bateria de íon-lítio, usada na maioria dos aparelhos atuais”, explica Jorge.
O ideal é manter o nível de carga entre 20% e 80% sempre que possível. Essa prática reduz o estresse químico da bateria e prolonga a vida útil do equipamento. Claro, ele reconhece que não é sempre possível seguir essa faixa rigorosamente — o importante é evitar os extremos com frequência.
Calor, inimigo silencioso das baterias
Outro fator que acelera o desgaste é o aquecimento. Jorge alerta que temperaturas elevadas danificam a estrutura interna das baterias.
Deixar o celular exposto ao sol, como no guidão de uma moto ou dentro de um carro estacionado, é extremamente prejudicial
Além disso, durante o carregamento, o aparelho tende a esquentar naturalmente. Por isso, é fundamental deixá-lo em local arejado e nunca sob o travesseiro ou em superfícies que retenham calor.
Carregar o celular à noite: mito ou perigo real?
Uma das dúvidas mais comuns encontradas nas redes sociais e também em portais especializados em tecnologia é sobre deixar o celular carregando enquanto dorme. A boa notícia é que, segundo o professor, em condições normais, isso não é perigoso.
“Os aparelhos modernos possuem sistemas inteligentes de gerenciamento de energia. Quando a bateria chega a 100%, o carregamento é interrompido automaticamente”, esclarece o professor.
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O cuidado, no entanto, está no tipo de carregador utilizado. Carregadores falsificados ou de marcas duvidosas podem enviar tensões incorretas, gerando aquecimento excessivo, curtos-circuitos ou até choques elétricos.
Usar o celular enquanto carrega, pode?
Jorge explica que, com um carregador original e de qualidade, não há grandes riscos em usar o aparelho durante a recarga. O problema aparece quando o carregador é de baixa qualidade.
“Um rompimento na isolação interna pode fazer com que os 220 volts da tomada cheguem até o celular — e até a quem estiver manuseando o aparelho”, alerta.
Além disso, usar o celular para tarefas pesadas enquanto carrega. como jogos ou vídeos em alta resolução, aumenta o aquecimento, acelerando o desgaste da bateria.
Carregadores rápidos e ultra-rápidos: vilões ou aliados?
A tecnologia dos carregadores rápidos é segura — desde que o equipamento seja original. Esses carregadores se comunicam com o aparelho para ajustar a potência ideal de carregamento.
O que pode causar desgaste é, novamente, o calor.
“Como o carregamento rápido transmite mais energia em menos tempo, o celular tende a esquentar mais. O calor, e não a velocidade em si, é o fator que afeta a vida útil da bateria”, explica Jorge.
Reiniciar o celular faz diferença?
Sim. Reiniciar o celular regularmente — a cada um ou dois dias — ajuda tanto o desempenho quanto a bateria.
Alguns aplicativos continuam rodando em segundo plano mesmo quando não estão em uso, consumindo energia e processamento. Reiniciar o aparelho ajuda a limpar esses processos
Bateria viciada existe?
O famoso “vício de bateria” é um termo que ficou no passado. As baterias de íon-lítio não sofrem mais com o efeito memória, que afetava as antigas baterias de níquel.
Porém, isso não significa que sejam eternas. Com o tempo, ciclos completos de carga e descarga, somados à exposição ao calor, reduzem a capacidade de armazenamento. É por isso que, depois de um ou dois anos, é normal notar que a bateria “dura menos”.
Antes de decidir pela troca, Jorge recomenda uma análise cuidadosa: “Verifique no gerenciador de bateria do seu celular quais aplicativos estão consumindo mais energia. Às vezes, o problema não é a bateria, mas algum app que ficou ativo em segundo plano".
Se o consumo estiver normal e, mesmo assim, o celular descarregar rapidamente, pode ser hora de substituir a bateria — sempre em assistências técnicas autorizadas.
Principais dicas para melhorar vida útil da bateria:
- Mantenha a carga entre 20% e 80%
- Evite o calor excessivo
- Use carregadores originais e certificados
- Carregar à noite não é problema — desde que em local ventilado
- Evite usar o celular em tarefas pesadas enquanto carrega
- Reinicie o aparelho com frequência
- Troque a bateria apenas em locais de confiança
“A tecnologia evoluiu muito, mas o cuidado do usuário ainda é o principal fator para preservar a vida útil dos aparelhos”, conclui o professor Jorge Watts.
*Jorge Watts é professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE), engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e mestre em eletrônica de potência. Ele também é pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica (LIT). Possui experiência em programação de sistemas embarcados microprocessados e descrição de hardware em linguagem VHDL, sistemas de geração renováveis (Solar/Eólica), projeto de conversores Chaveados, desenvolvimento multiplataforma em Flutter.