Comissão do SUS não chega a definição sobre 'kit Covid'; Anvisa não votou

Votação sobre diretrizes para tratamento de pacientes com Covid-19 empatou após mais de 5 horas de reunião

Escrito por Diário do Nordeste e Estadão Conteúdo ,
Bolsonaro segurando caixa de hidroxicloroquina
Legenda: Bolsonaro é defensor do "kit Covid", mesmo com reconhecimento do próprio Ministério da Saúde sobre a ineficácia
Foto: Sérgio Lima/AFP

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), parte do Ministério da Saúde (MS) responsável pela análise técnica de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), não entrou em consenso, nesta quinta-feira (21), ao analisar diretrizes para tratamento ambulatorial de pacientes com a Covid-19 e a recomendação do "kit Covid".

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Após mais de cinco horas de uma reunião extraordinária fechada, a votação na terminou com empate de seis votos a seis. O representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não votou porque, embora tivesse participado das discussões até o início da tarde, precisou pegar um avião de São Paulo a Brasília.

A votação ocorreu durante a ausência dele. Integrantes da agência classificaram o episódio como "atropelo" na votação.

Independentemente do resultado, o tema só irá para consulta pública após envio recomendação definitiva ao MS, que poderá ou não acolhê-la.

"Kit Covid"

A discussão se deu em torno da definição de diretrizes para o tratamento ambulatorial de pacientes com a Covid-19, com pareceres sobre a eficácia de remédios como hidroxicloroquina e azitromicina. Em maio, a Conitec havia reprovado o uso dessas drogas para pacientes hospitalizados.

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Um relatório contrário ao chamado "kit Covid" chegou a entrar na pauta da comissão no último dia 7 de outubro. A discussão, porém, acabou adiada para a reunião extraordinária desta quinta. Conforme o documento, não existe nenhum remédio, até o momento, que, se usado precocemente, pode alterar o curso natural da doença.

O documento deixava claro que há evidências de que azitromicina e hidroxicloroquina são ineficazes, ou seja, não funcionam no tratamento da doença e não devem ser usadas.

Já para drogas como ivermectina e colchicina há ausência de evidência de que funcionam no tratamento. As diretrizes foram elaboradas por cerca de 20 especialistas, de diferentes sociedades médicas.

Conitec

A Conitec não divulgou oficialmente o desfecho da reunião, nem como cada um dos membros do grupo votou Comissão tem 13 integrantes, sendo os sete secretários do Ministério da Saúde.

Além deses, há representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Nacional de Saúde (CNS), Agência Nacional de Saúde (ANS), Anvisa e de secretarias estaduais e municipais de saúde. O coordenador é o pneumologista Carlos Carvalho, da USP, indicado pelo ministro Marcelo Queiroga.

Bolsonaro

Enquanto a Conitec se debruçava sobre os aspectos científicos do tratamento, Jair Bolsonaro voltou a defender os remédios. "Também fui acometido (pela Covid). Tomei hidroxicloroquina. No dia seguinte estava bom. Será que é porque é barato? Ainda continua em interrogação o tratamento", disse o presidente, em evento oficial, na Paraíba.

O uso indiscriminado de medicamentos do "kit covid" é incentivado por Bolsonaro e por aliados como um falso "tratamento precoce". A campanha do presidente em favor desses remédios é um dos tópicos do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Os senadores mostraram que o governo usou recursos públicos inadequadamente para promover as substâncias e levou brasileiros a desconsiderarem medidas eficazes de prevenção ao contágio pelo novo coronavírus.

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