Em resposta a Evandro, Sarto diz que servidores não 'inviabilizam' governo e que Estado só repassa 10% dos gastos do IJF
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (27), Evandro Leitão questionou ações recentes tomadas pelo prefeito José Sarto, ponderando que algumas delas ocorreram em um momento inadequado diante da na Saúde de Fortaleza
O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), rebateu declarações feitas pelo prefeito eleito da Capital, Evandro Leitão (PT), e negou qualquer tentativa de “inviabilizar” a gestão petista, que tomará posse no próximo dia 1º de janeiro. Na publicação nas redes sociais, na tarde desta sexta-feira (27), Sarto voltou a reclamar sobre os valores repassados ao Instituto Doutor José Frota (IJF) pelo Governo do Ceará.
Sarto disse que Evandro o “criticou” por convocar 540 novos servidores públicos concursados nas áreas da saúde e da segurança pública. “Eu deveria descumprir os editais, por acaso? Na minha gestão, nestes quatros anos, eu contratei 6 mil servidores por concursos públicos. Esses homens e mulheres não ‘inviabilizam’ a administração, como afirmou Leitão. Na verdade, são esses profissionais que cuidam da nossa cidade. Um prefeito deveria saber disso. Ele quer administrar sem servidores?”, escreveu.
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O atual prefeito disse ainda que o petista “achou ruim” porque ele autorizou o pagamento de subsídio do transporte público em Fortaleza. “Fiz isso para não aumentar as passagens de ônibus. Fiz isso porque o governador cortou os repasses para Fortaleza. Será que o Leitão também vai cortar os repasses e reajustar as tarifas?”, seguiu Sarto.
“Evandro também me ‘acusou’ de conseguir recursos para investimentos, para aplicar em obras na cidade. Em quatro anos, eu construí 17 escolas, 34 creches, 24 postos de saúde, 3 hospitais, 53 areninhas, 22 escolas areninhas e mais de 310 quilômetros de ruas de tijolinho. É para isso que serve o dinheiro público. Para melhorar a vida das pessoas. Será que Leitão está é com medo de encarar o desafio?”
Na resposta, Sarto ainda mirou críticas ao Governo do Estado, revivendo as acusações de que o os repasses feitos para o IJF são aquém do necessário. “O hospital custa todo mês cerca de R$ 50 milhões para Fortaleza. Mas metade dos pacientes atendidos lá são do Interior do Estado. Sabem quanto o Governo do Ceará vinha repassando mensalmente para cobrir isso? Cerca de R$ 6 milhões. É claro que essa conta não fecha. 50% dos pacientes são de fora de Fortaleza, mas o governador só paga por 10%. Por que o Leitão não cobra do governador do PT uma partilha justa desse orçamento?”, finalizou o político.
“Inviabilizar”
Mais cedo, pela manhã, Evandro classificou as últimas ações do prefeito José Sarto à frente do Paço Municipal como uma tentativa de "inviabilizar" a próxima gestão. O petista ponderou que a nomeação de 540 novos servidores nesta semana, em meio à crise na saúde, com falta de insumos básicos no Instituto Doutor José Frota (IJF) e em postos de saúde, tem, também, "ingrediente político" — uma vez que a contratação dos novos profissionais nesse período irá gerar um acréscimo na folha salarial a ser pago a partir de janeiro de 2025.
"A Prefeitura de Fortaleza, na (última) segunda-feira, anuncia a convocação de 540 servidores, sendo 508 guardas municipais e 32 enfermeiros e enfermeiras para o IJF. No mínimo, falta planejamento. Mas a gente sabe que não é isso. Para além da falta de planejamento, tem um ingrediente político. A oito dias (do fim do ano), fazer uma convocação dessa. Se falta esparadrapo, como você vai pagar 540 profissionais? Eles são necessários, mas falta planejamento. É uma forma de inviabilizar a gestão que está assumindo"
Ele também ressaltou que o subsídio a ser pago pela Prefeitura para manter o transporte coletivo em funcionamento em 2025 aumentou em R$ 90 milhões na comparação com o valor pago em 2024, saltando de R$ 158 milhões para R$ 248 milhões no orçamento a ser executado por Evandro no próximo ano.
O petista apontou, ainda, R$ 3,2 bilhões em dívidas a pagar pelos próximos quatro anos em decorrência de operações de crédito contraídas por Sarto, sendo R$ 1 bilhão a ser pago somente em 2025. Além disso, para o ano que vem, há cerca de R$ 400 milhões empenhados do novo orçamento para quitar a inadimplência com fornecedores.
"Fortaleza tem uma operação de crédito de R$ 3,2 bilhões durante os próximos quatro anos. De fornecedores, que a equipe de transição conseguiu detectar, para 2025, a Prefeitura tem R$ 400 milhões de inadimplência, já empenhados como saldo de dívida. E estão chegando informações por parte de fornecedores de dívidas que não foram empenhadas, ou foram empenhadas e canceladas. A dívida é bem superior", dimensionou Leitão, em coletiva de imprensa concedida em seu escritório.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do prefeito eleito Evandro Leitão reforçou que ele foi claro na coletiva ao dizer que não é contra a convocação dos servidores, só achou o momento inadequado porque há uma crise de falta de insumos básicos na Saúde de Fortaleza.
O Governo do Ceará também foi procurado. O Diário do Nordeste aguarda posicionamento.