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Em 30 anos, MPF não recebeu denúncias sobre tráfico de crianças no Marajó citadas por Damares

Em sua defesa, a ex-ministra disse que ouviu "nas ruas" relatos sobre violência sexual contra crianças na ilha

Escrito por Redação ,
Damares Alves durante discurso em igreja de goiânia
Legenda: Em discurso durante culto na Assembleia de Deus, em Goiânia, a ex-ministra afirmou que o Ministério descobriu um esquema de tráfico de crianças no Pará
Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) informou que, nos últimos 30 anos, não recebeu denúncias sobre crimes de violência sexual contra crianças na Ilha do Marajó, no Pará, citadas pela senadora eleita Damares Alves (Republicanos). As informações são do portal g1.

O órgão afirmou, em nota, que "nos últimos 30 anos, nenhuma denúncia ao MPF sobre tráfico de crianças no Marajó mencionou torturas citadas por Damares", diz o comunicado.

"O MPF atuou, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago do Marajó. Nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves", afirma ainda o órgão.

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Em sua defesa, Damares disse, em entrevista à rádio Bandeirantes de São Paulo, que ouviu "nas ruas" relatos sobre estupro e tráfico de crianças no Marajó. A ex-ministra, no entanto, não apresentou provas das denúncias.

Damares não apresentou provas

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) determinou, na terça-feira (11), que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informe detalhadamente, em até três dias, todos os casos de denúncias recebidas pela pasta entre 2016 e 2022 que envolvem tráfico de crianças e estupro de vulneráveis.

Os relatórios que a ex-ministra apresentou para buscar comprovar as denúncias não contêm provas do caso, de acordo com análise do jornal Estadão.

O veículo verificou o documento de 2.093 páginas dos relatórios de três CPIs enviados pela assessoria de Damares, e diz não ter encontrado os fatos que ela alegou terem ocorrido na Ilha de Marajó.

Segundo a reportagem, publicada nesta quinta-feira (13), nenhum documento confirmou as alegações.

Denúncias durante discurso

Em discurso durante culto na Assembleia de Deus, em Goiânia, a ex-ministra afirmou que o Ministério descobriu um esquema de tráfico de crianças no arquipélago. Segundo Damares, as crianças traficadas seriam submetidas a mutilações corporais e regimes alimentares para facilitar abusos sexuais.

A senadora eleita afirmou ainda que o Ministério possui imagens de crianças de oito dias de vida sendo estupradas. No discurso, ela atesta que um vídeo de estupro de crianças é vendido por valores entre R$ 50 e R$ 100 mil.

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