Clássico-Rei sem a presença de torcida já é muito diferente por si só. A ausência de alvinegros e tricolores nas arquibancadas, inegavelmente, tira o que o principal produto tem de melhor: a emoção dos torcedores. Mas o 3º encontro entre Ceará e Fortaleza, de portões fechados, o 1º pela Série A, reservou aspectos interessantes nos bastidores.
A diferença já pôde ser percebida antes mesmo de a bola rolar. Na chegada das duas delegações ao estádio, muita tranquilidade. Nada de rua de fogo, festa ou gritos de incentivo. Calmaria e concentração dos dois lados marcaram os desembarques na Arena.
O Fortaleza chegou primeiro ao estádio. Rogério Ceni, concentrado, foi o último a descer do ônibus e passou pela entrada de forma compenetrada. Minutos depois, o ônibus do Ceará estacionou. Guto Ferreira foi o primeiro a descer, cumprimentou os presentes e passou sorridente.
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A chegada dos técnicos já seria um prenúncio do que viria pela frente. No final das contas, Guto riu por último, pela vitória por 1 a 0. E no jogo, foi Guto quem esteve mais inquieto, enquanto Ceni foi mais comedido do que de costume.
A ausência de torcedores deixa o ambiente estranho. Não há aquela atmosfera de pressão, cânticos e animação. O efeito sonoro produzido pelas caixas de som está longe de trazer realismo ao espetáculo. Mas, por outro lado, isso permite observar outros detalhes interessantes.
No Setor Premium, as diretorias acompanharam o Clássico-Rei bem próximas. Um lado conseguia ouvir os gritos e reclamações do outro, mas o clima era tranquilo. Jorge Macedo, executivo de Futebol do Ceará, era o que mais gritava.
"Pega o volante, Vinícius", "Volta pra marcar, Cléber" foi o que ele mais cobrou.
No lado Tricolor, as reclamações foram direcionadas, principalmente, ao árbitro paulista Luiz Flávio de Oliveira, pela não-marcação de faltas e ausências de cartões amarelos que, na visão dos leoninos, deveriam ter sido aplicados.
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Presidentes "torcedores"
Entre diretores e membros das comissões técnicas, os presidentes Robinson de Castro, do Ceará, e Marcelo Paz, do Fortaleza, tentavam transparecer tranquilidade, mas o clima era de clara tensão. Não poderia ser diferente, pela grandeza do confronto com o maior rival.
É o momento em que eles "trocam" o papel de dirigente pelo de torcedor passional.
Robinson gritou, reclamou e lamentou a anulação do gol de Fernando Sobral, ainda no primeiro tempo, mas vibrou demais com o gol de Vina. Fez o papel de torcedor mesmo, pulando e cumprimentando os mais próximos, puxando aplausos a Charles e Fernando Sobral pela jogada.
A celebração foi grande também ao apito final, como um alívio e grande alegria pela 3ª vitória consecutiva na Série A.
Marcelo Paz foi mais comedido. Teve tensão, claro, e tudo que o torcedor costuma fazer: reclamações, incompreensão no gol perdido por David e visível chateação com o desenrolar do jogo. Tanto é que deixou a arquibancada segundos antes do apito final, já sabendo o desfecho.