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Presidente do Senado cancela sessões desta semana após falas de Bolsonaro

A decisão de Rodrigo Pacheco prejudica os interesses do Executivo, já que há projetos relevantes do presidente à espera de análise

Escrito por Renato Machado/Folhapress ,
Rodrigo Pacheco
Legenda: Antes mesmo das críticas de Bolsonaro, o senador já havia defendido o Estado democrático de Direito deveria unir o Brasil no dia 7 setembro
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciou na noite desta terça-feira (7) que as sessões desta quarta (8) e quinta-feira (9) da Casa legislativa estão canceladas. A decisão foi tomada após o presidente Jair Bolsonaro deferir uma série de críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

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As sessões de comissões que seriam realizadas nesta semana também foram suspensas. Interlocutores de Pacheco disseram que a medida busca dar uma resposta ao gestor do Executivo nacional.

Na manhã de terça-feira, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, Bolsonaro disse que não aceitará que qualquer autoridade tome medidas ou assine sentenças fora das quatro linhas da Constituição.

"Ou o chefe desse Poder enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos", disse em recado ao presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, em referência às recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes contra bolsonaristas. 

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À tarde, na avenida Paulista, em São Paulo, o presidente exortou desobediência a decisões da Justiça. "Nós devemos, sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou", afirmou Bolsonaro.

"[Quero] dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade", disse.

A decisão de cancelar as sessões prejudica os interesses do Executivo. No Senado, há projetos relevantes de Bolsonaro à espera de análise, a base é dispersa e o governo tem enfrentado derrotadas seguidas.

É nesta Casa, onde a relação com a gestão Bolsonaro já é frágil, que as falas do presidente tendem a dificultar a apreciação de projetos considerados vitais pela equipe do ministro Paulo Guedes (Economia), por exemplo, como mudanças no Imposto de Renda e a privatização dos Correios.

O golpe mais duro no Planalto no Senado ocorreu na semana passada. Na quarta-feira (1º), senadores impuseram uma derrota ao governo e derrubaram o projeto com programas trabalhistas. O texto, considerado uma minirreforma, era a aposta para impulsionar contratações em ano eleitoral.

Pela manhã, antes mesmo das falas de Bolsonaro, Pacheco afirmou em suas redes sociais que a defesa do Estado democrático de Direito deveria unir o Brasil.

"Ao tempo em que se celebra o Dia da Independência, expressão forte da liberdade nacional, não deixemos de compreender a nossa evidente dependência de algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado Democrático de Direito", escreveu o presidente do Senado. Ele não se manifestou após os discursos do presidente.

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