Sons de 'batida' são detectados durante buscas por submarino desaparecido

Ruídos subaquáticos emitidos a cada 30 minutos foram identificados por aeronave canadense no Oceano Atlântico

Sons subaquáticos que se assimilam a "batidas" foram detectados, nessa terça-feira (20), por uma aeronave canadense durante as operações de busca pelo submarino desaparecido ao visitar destroços do naufrágio do Titanic, no Oceano Atlântico. O veículo ainda chegou a localizar um objeto retangular branco na água.

"A aeronave canadense P-3 detectou ruídos subaquáticos na área de busca. Como resultado, as operações de ROV [veículos operados remotamente] foram realocadas na tentativa de explorar a origem dos ruídos", disse a Guarda Costeira dos Estados Unidos em comunicado divulgado nesta quarta-feira (21). As informações são da CNN.  

Apesar da identificação dos ruídos, até a publicação deste material, as buscas realizadas pelas autoridades "produziram resultados negativos", mas continuam, conforme o memorado. 

As equipes que atuam na ação detectaram os sons, que eram emitidos com um intervalo de 30 minutos entre cada um. Quatro horas depois, após o dispositivo de sonar ser implantado, os barulhos continuavam a ser ouvidos. 

O memorando não detalhou quando nem por quanto tempo os sons foram detectados nessa terça-feira. A empresa OceanGate Expeditions, proprietária do submersível, declarou à CNN que não tem atualizações para compartilhar. A operação de busca segue nesta quarta-feira.

FRIO, FALTA DE AR E PÂNICO

As autoridades foram notificadas pelo desaparecimento do submergível no domingo (18). Na ocasião, elas foram informadas que o navio de pesquisa canadense Polar Prince perdeu contato com o equipamento e estava atrasado na verificação das comunicações, conforme a porta-voz da Guarda Costeira, tenente Samantha Corcoran. 

Ao todo, o veículo transportava cinco pessoas até os destroços do Titanic. Segundo o especialista em medicina preventiva Dale Molé, a tripulação pode experienciar diversos sintomas devido à clausura. Pânico, tremores, hipotermia e taquicardia são alguns deles. 

Desaparecido há cerca de quatro dias, o submarino está nas suas últimas horas de oxigênio disponível. Em um artigo publicado em maio, o profissional, que atua como consultor da Marinha dos Estados Unidos, detalhou como o ambiente no interior de submersíveis pode afetar a saúde após longos períodos. 

A falta de oxigênio e o excesso de gás carbônico (expelido no processo de respiração) podem afetar o organismo, conforme Molé explicou em entrevista ao portal Daily Mail. É comum que submarinos tenham um mecanismo para retirar o dióxido de carbono, que é tóxico, mas a capacidade do mecanismo é limitada e depende do suprimento de energia.

A quantidade de CO₂ acima do indicado é ainda mais prejudicial do que a falta de oxigênio, conforme o especialista. O gás pode provocar sintomas como asfixia, sonolência e vertigem nos tripulantes. Com o passar do tempo, a tendência é que percam a consciência. Se as vítimas chegarem a entrar em pânico, a situação piora, já que a respiração acelera. 

A temperatura de regiões profundas do oceano fica, em média, nos 5°C. O longo período exposto ao frio excessivo pode provocar quadros de hipotermia, o que também acelera a respiração, consumindo mais oxigênio, e afetando os sentidos. 

Em casos de ataque de pânico, os passageiros podem ter aceleração do batimento cardíaco, falta de ar, tremores e tensão muscular.  

Quem está no submarino desaparecido?

Cinco pessoas foram confirmados a bordo do submarino, são eles: o bilionário e explorador britânico Hamish Harding, de 58 anos; o empresário paquistanês Shahzada Dawood e o filho, Suleman Dawood, de 48 e 19 anos; o oceanógrafo francês Paul-Henry Nargeolet, de 73 anos; e o fundador da OceanGate Inc, Stockton Rush, de 61 anos.

Em fevereiro deste ano, Rush contou à Sky News sobre a visita ao naufrágio do Titanic e quais seriam os planos. "É possível ver o interior, nós descemos e vimos a grande escadaria e alguns lustres ainda pendurados. No próximo ano, esperamos enviar um pequeno robô para o interior, mas por enquanto ficamos do lado de fora", contou.

Harding, que é fundador e CEO da empresa Action Aviation, escreveu no domingo (20) no Instagram que estava orgulhoso de participar na expedição. Segundo a publicação do bilionário, Paul-Henry Nargeolet, que também ocupa o submarino, é especialista na história do Titanic.

Já a família de Shahzada Dawood, que é vice-presidente do conglomerado Engro, disse em um comunicado que "o contato foi perdido com o submarino, e as informações disponíveis são limitadas". 

Veja o que se sabe até agora

Quando o submarino Titan desapareceu?

A comunicação com o submersível, de 6,5 metros de comprimento, foi perdida no último domingo (18), quase duas horas após o equipamento iniciar a descida em direção ao que restou do Titanic.

Quem estava no submarino Titan?

Estão a bordo do submersível o bilionário e aviador britânico Hamish Harding, presidente da empresa de jatos particulares Action Aviation; o empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman; o mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet, e Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions, a companhia responsável pelo Titan, que cobra 250 mil dólares (aproximadamente R$ 1,2 milhão) por turista.

A quantos quilômetros de profundidade está o Titanic?

O que sobrou do Titanic está no fundo do oceano, a quase 4 mil metros de profundidade e a cerca de 600 quilômetros da costa do Canadá.

James Cameron, diretor do filme Titanic, já visitou o navio?

Sim. O cineasta já mergulhou 33 vezes para visitar os destroços da embarcação. Ele, inclusive, lançou um documentário sobre isso, em 2003: "Fantasmas do abismo". Procurado pelo canal americano CNN, Cameron não comentou o desaparecimento do Titan no último domingo (18).