Infecção urinária: o que é, causas, sintomas e tratamento

A infecção é uma das mais comuns na população em geral

Dor ao urinar, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga e dor abaixo do umbigo são alguns dos sintomas mais comuns relacionados a infecção urinária, condição caracterizada pela proliferação de microorganismos nos órgãos do sistema urinário.  

Mulheres jovens são mais vulneráveis a doença, apontada como uma das infecções mais comuns na população em geral, conforme a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).    

O que é infecção urinária 

A infeção urinária é um termo genérico para chamar a infecção que atinge os órgãos do trato urinário, constituído pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, explica a urologista e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Conceição Dornelas*. A condição é uma resposta inflamatória do trato urinário a invasão de bactérias

A inflamação atinge mais mulheres, devido às diferenças anatômicas entre os gêneros. Segundo a especialista, o fato de a população feminina possuir a uretra mais curta e mais próxima da região anal do que homens, bem como variações hormonais e da flora vaginal, contribui para que o quadro clínico seja 30 vezes mais prevalente nas mulheres jovens.  

No entanto, a incidência da infecção urinaria em mulheres reduz ao passar dos anos, aumentando novamente após a menopausa. Na idade entre 60 e 65 anos a prevalência da condição é de 20% nas mulheres e de 10% nos homens.  

Sintomas da infecção urinária 

A médica esclarece que a infecção urinária pode ser sintomática ou assintomática. Muitas vezes o paciente pode não apresentar sinais e evoluir com sequelas e cicatrizes renais em crianças e causar abortamentos e partos prematuros em gestantes, alerta a profissional de saúde. 

Quando sintomática, os sintomas podem variar dependendo do sexo, da idade, do estado imunológico e do comprometimento de órgãos que se comunicam com o trato urinário, explica Conceição Dornelas, que listou os indicativos da condição que são mais comuns.  

  • Dor ao urinar (característico do início do quadro); 
  • Urinar de instante em instante; 
  • Sensação dor e peso na região abaixo do umbigo; 
  • Urina com sangue; 
  • Febre. 

Quando a infecção de urina não é tratada ou é conduzida incorretamente pode evoluir para dores lombar, testicular, na região perineal, além de náuseas e queda do estado geral. 

Tipos 

Baixa ou alta 

A urologista esclarece que existem algumas classificações das infecções urinárias utilizadas na prática médica para abordagem diagnóstica e terapêutica. Elas são determinadas pelo local atingindo pela condição. Se o paciente for acometido na região da bexiga, o caso é classificado como infecção urinária baixa, já se os rins foram atingidos, então é designado como infecção urinária alta.  

As infecções baixas são caracterizadas por dor abdominal abaixo do umbigo, o indivíduo ainda pode sentir dor ao urinar e vontade de urinar de instante em instante. Também é comum a presença de sangue na urina. Já as infecções altas são as formas mais graves e o paciente pode manifestar os seguintes sinais: dor lombar, febre alta, náuseas e comprometimento do estado geral.  

Não complicada ou complicada 

Segundo a especialista, a infecção urinária ainda pode ser classificada como complicada ou não complicada. A primeira atinge pacientes saudáveis com trato urinário funcional e estruturalmente normal, e evoluem bem com o tratamento clínico.  

Já a segunda é associada com fatores que aumentam a chance de adquirir uma bactéria ou reduzir a eficácia do tratamento. São eles:  

  • Trato urinário funcional ou estruturalmente anormal;  
  • Paciente imunocomprometido; 
  • Bactérias mais invasivas ou resistentes aos tratamentos habituais. 

Esses casos são de abordagem mais complexa e podem retornar após a finalização do tratamento ou se tornar crônica após o tratamento e necessitar de uma investigação de causas subjacentes. 

Diagnóstico 

Para identificar uma infecção urinária o paciente é submetido a um diagnóstico, inicialmente, clínico. A pesquisadora detalha que uma boa história pode levar ao tratamento com resolução do processo

No entanto, em caso de infecção urinaria complicada pode ser necessário a realização de exames complementares para avaliar e corrigir as causas predisponentes, como, por exemplo, um crescimento prostático obstrutivo. 

Riscos atrelados à infecção urinária 

A médica alerta que uma infecção urinária não tratada ou tratada incorretamente, pode se tornar crônica, recorrente ou recidivante, resultando em cicatrizes renais com perda da função renal, prostatite, orquite e, dependendo do estado imunológico do paciente, pode levar a infecção disseminada e até mesmo a morte.  

Infecção urinária em homens 

Como Conceição Dornelas explicou anteriormente, a infecção urinária atinge mais mulheres do que homens, devido a fatores como anatomia e aspectos biológicos característicos do corpo feminino. No entanto, é possível que a condição acometa pacientes do sexo masculino.  

Por possuir uma uretra maior, homens com infecção urinária tem maior chance de possuir algum fator de risco ou quase sempre apresentar um quadro de infecção urinaria complicada, explica a urologista.  

Outras doenças podem favorecer o aparecimento de infecção na população masculina, como no caso do crescimento benigno da próstata, que pode comprimir a uretra, dificultando o esvaziamento da bexiga e provocar a retenção de urina e, como consequência, a infecção urinária. 

Dúvidas comuns 

Infecção urinária é transmissível? 

A especialista informa que um paciente com infecção urinária não consegue passar a doença para outra pessoa, pois ela não é causada por bactérias transmissíveis. Ela ainda esclarece que a condição não é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), então também não pode ser disseminada através da relação sexual. 

Como evitar? 

A médica indica alguns hábitos que podem prevenir o quadro de infecção urinária. São eles:  

  • Ingerir líquidos diariamente (no mínimo 2 litros por dia), aumentando o consumo nos dias quentes; 
  • Esvaziar a bexiga sempre que possível; 
  • Higienizar a genitália antes e após as relações sexuais; 
  • No caso de pessoas com vagina, ao limpar a genitália, realizar o movimento sempre no sentido da vulva para a região anal;  
  • Manter o intestino funcionando diariamente com hábitos de higiene e banhos após evacuação; 
  • Usar preservativos em caso de relação sexual anal; 

Conceição Dornelas ainda frisa que em caso de recorrência da infecção após o tratamento, é necessário procurar um urologista para correção de possível fator de risco. 

Quanto tempo dura? 

Um quadro de infecção urinária pode durar, me média, entre sete e 10 dias, caso seja tratada corretamente e classificada como não complicada. Como explica a pesquisadora, os sintomas vão melhorando progressivamente após o início do tratamento.  

Como curar? 

O tratamento da infecção urinária é realizado com antibioticoterapia. Em caso de quadro complicado, a investigação diagnóstica realizada através de uma especialista também é necessária, segundo a profissional de saúde. 

Conceição Dornelas ainda indica que o paciente deve ingerir frutas e legumes frescos para auxiliar na melhora do quadro. No entanto, é necessário evitar consumir alho, cebola, café e chocolate durante o episódio de infecção, já que a ingesta desses alimentos pode piorar os sintomas. 

Posso trabalhar com infecção urinária? 

A médica indica que os pacientes diagnosticados com a doença devem, mesmo com quadros não complicados, evitar realizar atividades físicas. Caso não apresente febre ou dor, é possível que o indivíduo trabalhe, desde que realize o tratamento da forma correta.  

No entanto, o quadro deve ser avaliado pelo especialista, que deve decidir se é possível ou não o retorno à função. 

*Conceição Dornelas é médica especialista em Urologia. É graduada em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com residência médica em Urologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Urologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Doutora em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Residência Médica em Cirurgia Geral - Rio de Janeiro, residência médica em Anatomia Patológica UFJF. Bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). É pesquisadora e docente permanente do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Patologia e do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Ciências Médico-Cirúrgicas da Faculdade de Medicina da UFC. Atualmente, exerce o cargo de Vice Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Medico Cirurgias da UFC.