Dupla é denunciada pelo Ministério Público por matar dentista dentro de consultório em Morada Nova
Dois homens foram presos em flagrante por suspeita de participar do homicídio. Polícia Civil recebeu versões diferentes sobre a motivação do crime
Os dois homens presos pelo assassinato do dentista Rômullo Keyver Maia Façanha, em Morada Nova, no Interior do Ceará, no último sábado (9), foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) pelo crime, quatro dias depois.
O MPCE divulgou, nesta quarta-feira (13), que a 1ª Promotoria de Justiça de Morada Nova pediu à Justiça Estadual pela condenação de Adriano Araújo e Antônio Jocileudo Inácio de Melo pelo crime de homicídio qualificado (por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima).
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Adriano Araújo ainda foi acusado de tráfico de drogas, já que foi preso em flagrante na posse de 26 papelotes de cocaína. O Ministério Público também pediu pela prisão preventiva dos dois acusados - que já foi acatada na audiência de custódia.
"O crime ocorreu na manhã do dia 9 de novembro deste ano. Na data, Adriano Araújo e Antônio Jocileudo invadiram a clínica odontológica onde Rômulo trabalhava e efetuaram vários disparos de arma de fogo contra a vítima, que morreu no local. O crime teria sido motivado após a esposa de Adriano, que era paciente do dentista, denunciar o profissional por assédio", publicou o MPCE, em seu site.
Versões sobre o crime
Policiais militares que atenderam a ocorrência do homicídio receberam informações que Rômullo Kleyver tinha sofrido ameaças e extorsões de duas mulheres, nas semanas anteriores ao assassinato. A esposa da vítima afirmou que o marido estaria sendo acusado de assédio contra uma paciente. Entretanto, ao ser ouvida pela Polícia, a paciente afirmou que tinha uma relação amorosa com o dentista.
Os PMs levantaram a identificação e o endereço da paciente de Rômullo e foram até a residência da mulher - que é companheira de Adriano Araújo, que já respondia por tráfico de drogas e havia deixado a prisão há poucos dias, com o uso de tornozeleira eletrônica.
Ao chegarem ao imóvel, os policiais viram um homem encostado em uma motocicleta e decidiram abordá-lo. Antonio Jocieudo Inácio de Melo portava um simulacro de arma de fogo e foi preso em flagrante. Os militares ainda levantaram a informação que o suspeito morava próximo da clínica onde aconteceu o crime, em um imóvel que tinha "uma visão perfeita do estabelecimento e que foi alugada recentemente", segundo os PMs.
Na residência de Adriano, os agentes de segurança encontraram droga, R$ 2 mil em espécie e roupas que foram identificadas por testemunhas do homicídio como as vestimentas utilizadas pelos criminosos. De acordo com a Polícia, o suspeito é irmão de um matador da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE).
A mulher (identidade preservada) que seria a companheira de Adriano Araújo e paciente do dentista Rômullo Kleyver Maia Façanha foi ouvida duas vezes pela Delegacia Regional de Russas. Inicialmente, ela sustentou que foi assediada pelo dentista, durante uma consulta, e depois recebeu ligações e mensagens "ameaçadoras para ficar com ele".
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No primeiro depoimento, a mulher afirmou que aceitou se encontrar com Rômullo e ter relações sexuais com ele em decorrência das ameaças. Ela negou ter ameaçado ou extorquido o dentista.
Entretanto, ao ser preso, Adriano afirmou que sabia que a companheira teve uma relação amorosa com o dentista. A mulher foi ouvida novamente pela Polícia Civil, quando reconheceu que "teve um caso extraconjugal com ele (Rômullo) e que após um mês não quis mais, porém a vítima (Rômullo) começou a lhe ameaçar e ameaçar suas filhas; Que recentemente contou tais fatos a seu marido".
O que disseram os suspeitos
Ao ser interrogado pela Polícia Civil, Adriano Araújo negou participação no homicídio e também disse não ter feito ameaças ou extorsões ao dentista. Ele sustentou que estava com a filha e que não saiu de casa, na manhã daquele sábado (9) que aconteceu o crime. O suspeito ainda confirmou que teve conhecimento do relacionamento amoroso da companheira com Rômullo Kleyver.
Antonio Jocieudo Inácio de Melo também negou participação no homicídio e alegou que estava próximo da casa do outro suspeito para esperar por uma carona de um amigo para irem caçar. O suspeito admitiu ter conversado com Adriano no dia do crime, pela rede social WhatsApp, mas negou o encontro presencial. Ele ainda garantiu que não sabia da suposta relação extraconjugal ou do assédio sofrido pela mulher do amigo.
Após parecer favorável do Ministério Público do Ceará, representado pelo promotor que estava de plantão, Jairo Pequeno Neto, o juiz plantonista do 3º Núcleo Regional, da Justiça Estadual, converteu as prisões em flagrante dos dois suspeitos em prisões preventivas, no último domingo (10). Para o promotor, "há prova da existência do crime, conforme consta no inquérito policial, levando-se em conta as circunstâncias detalhadas pelos depoimentos das testemunhas e as evidências materiais encontradas no local".