O Judiciário manteve a prisão preventiva de João Ricardo Sousa da Silva, um dos suspeitos de ordenar a Chacina da Sapiranga. A decisão foi proferida em 2º Grau, nessa quarta-feira (12), pela relatora do habeas corpus desembargadora Maria Edna Martins. Anteriormente, o juiz da 3ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza já havia decidido não relaxar a prisão de João, também conhecido como 'Das Facas' ou 'RJ'.
O habeas corpus com pedido de liminar foi solicitado pela defesa do suspeito de participar de cinco mortes e seis tentativas de homicídio, além de integrar uma organização criminosa. A defesa alegou que havia ausência de fundamentação idônea para o decreto prisional e existência de condições pessoais favoráveis para que João voltasse à liberdade.
Na decisão, a magistrada destacou que o caso em questão não se enquadra em hipóteses excepcionais passíveis de deferimento de pedido de caráter de urgência. "Porquanto, em uma análise superficial, própria do momento, não vislumbra a verossimilhança das alegações do impetrante", disse a desembargadora. O mérito do habeas corpus ainda será julgado posteriormente.
João Ricardo foi o primeiro suposto mandante a ser preso pelas autoridades. Ele foi capturado por policiais civis no dia 27 de dezembro de 2021, quando seguia em um veículo HB20 pela rodovia CE 040. No celular apreendido com o suspeito a Polícia encontrou conversas dele com Raí César Silva Araújo, apelidado como 'Jogador', e que também se encontra detido.
RELATÓRIO FINAL
A Polícia Civil do Ceará enviou relatório final ao Judiciário na última sexta-feira (7) indiciando 'Das Facas'. Para os investigadores do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), há indícios suficientes que João Ricardo Sousa da Silva agiu como autor intelectual com relação aos crimes cometidos na madrugada do último Natal.
Consta no relatório que a motivação dos cinco homicídios e seis tentativas de homicídios da Chacina da Sapiranga está relacionada "à imposição de medo e terror do investigado para impor poder advindo da organização criminosa".
Um outro trecho do documento cita que João Ricardo agiu desta forma para "aqueles que ali moram não terem dúvidas do quanto é destemido e poderoso configurando aqui a natureza torpe dos homicídios, motivação imoral, pois a necessidade do sentimento de poder se sobrepõe a vida humana".
Das Facas' foi indiciado pelos crimes de homicídio qualificado pelo motivo torpe e da forma que dificultou a defesa dos ofendidos, tentativas de homicídios, corrupção de menores e organização criminosa. Para a PCCE, a materialidade delitiva está consubstanciada no laudo pericial, mesmo que estes ainda não estejam liberados e anexaodos aos autos.
Conforme documentos que a reportagem teve acesso, a Polícia Civil adotou como principal linha de investigação a guerra entre facções rivais, considerando que membros de um grupo são dissidentes do outro, o que não é aceito entre as organizações: "A referida cisão passou a gerar investidas de um grupo contra o outro, sempre com o objetivo de demonstrar força e buscar “tomar” o território ocupado pela facção rival".