Advogado preso com bilhete em presídio de segurança máxima no Ceará vira réu na Justiça

Júlio César foi denunciado por organização criminosa, ameaça, destruição de objeto alheio do Estado, resistência à prisão com ameaça a funcionário e desacato

O advogado Júlio César Costa e Silva Barbosa, que foi detido em setembro por suspeita de tentar entregar um bilhete a um detento na Unidade Prisional de Segurança Máxima no Ceará, tornou-se réu na Justiça cearense. A decisão foi publicada no dia 10 de novembro. 

Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por organização criminosa, ameaça, destruição de objeto alheio do Estado (xadrez de viatura), resistência à prisão com ameaça a funcionário e desacato. 

A denúncia foi recebida pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas da Comarca de Fortaleza. Júlio César foi preso no dia 15 de setembro. Atualmente ele está recolhido na Unidade Prisional Irmã Imelda, em Aquiraz.

Entenda o caso 

A reportagem apurou que Júlio César tinha ido fazer atendimento ao detento Paulo Henrique Oliveira dos Santos, 31, o ´Sassá', pontado pelas autoridades como um dos chefes no Ceará de uma organização criminosa carioca.

Na saída do atendimento ao detento, o advogado se recusou a mostrar o papel. Ao ser interpelado pelos agentes, o advogado teria ameaçado o diretor da unidade e agido com violência.

Júlio César recebeu voz de prisão e foi detido por policiais penais da Segurança Máxima. Ao ser colocado na viatura, ele quebrou parte do xadrez.

Ele e o detento foram levados para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), em Fortaleza.

A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou o caso e disse que o advogado quis repassar informações ao detento e, ao ser questionado pelo diretor da unidade, tentou agredir o gestor do presídio fisicamente, mas foi contido pelos policiais penais de plantão.

Quem é 'Sassá'

Paulo Henrique fugiu do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS) em 2008 com o assaltante de bancos e sequestrador Alexandre Ribeiro de Souza, o ´Alex Gardenal´. Apesar de terem fugido juntos, um parente de Alexandre Ribeiro entrou em contato com a reportagem e disse que ele não tem e nunca teve nenhuma ligação com 'Sassá'. 

Dois anos depois ele foi preso novamente. A captura aconteceu enquanto 'Sassá' estava em sua residência, em Aracaju. Já em 2021, A Polícia Civil cumpriu novamente mandado de prisão contra Paulo. 

Conforme a SSPDS, ele vinha comandando esquema de tráfico de drogas mesmo dentro de uma penitenciária de Pernambuco. Logo após ser descoberto, o preso foi transferido para o Ceará. Quando a unidade prisional estadual de Segurança Máxima foi inaugurada, 'Sassá' foi um dos primeiros a ser levado ao novo equipamento.

CPPL IV

Em 2019, um caso similar aconteceu na saída da Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza. O advogado Alaor Patrício Júnior foi detido em flagrante, em posse de quase 20 bilhetes contendo mensagens de integrantes de organizações criminosas.

Alaor tinha se encontrado com quatro detentos do prédio e disse em depoimento, já na delegacia, que foi obrigado a entregar os bilhetes "pois teme por sua vida" e que não poderia dizer às autoridades quem vinha o ameaçando.